O dólar à vista fechou em baixa ante o real nesta quarta-feira, na contramão do exterior, após a Câmara dos Deputados ter aprovado o texto-base do novo arcabouço fiscal, com ampla maioria de votos para a proposta do governo.
O dólar à vista fechou o dia cotado a 4,9534 reais na venda, com baixa de 0,38%.
Na noite de terça-feira, a Câmara aprovou por 372 votos favoráveis a 108 contrários o texto do arcabouço, após ajustes de última hora feitos pelo relator, o deputado Cláudio Cajado (PP-BA), para tornar menos generosa a regra de gastos em 2024. Destaques ao texto-base podem ser votados ainda nesta quarta-feira.
A proposta criada para substituir o teto de gastos estabelece que as despesas federais não poderão crescer mais do que 70% da alta das receitas, além de definir que os gastos crescerão anualmente entre 0,6% e 2,5% acima da inflação.
"Claro que não é o arcabouço ideal, porque depende muito de receita, mas a perspectiva é animadora. Por isso o mercado reagiu positivamente", comentou Cleber Alessie Machado, gerente da mesa de Derivativos Financeiros da Commcor DTVM. "Com o arcabouço, eliminamos o descontrole, o que é muito positivo em relação ao que o mercado esperava desta gestão."
A nova regra fiscal --bem recebida nos mercados de câmbio e juros futuros-- acabou exercendo mais influência nas cotações que o exterior, onde o dólar sustentava ganhos ante boa parte das moedas de países emergentes ou exportadores de commodities, na esteira do impasse sobre o teto da dívida do governo norte-americano.
Ironicamente, os EUA enfrentam discussões parecidas com as do Brasil, com o objetivo de ampliar o teto da dívida do governo para evitar um default no próximo mês.
Como o impasse entre a Casa Branca e os republicanos continua, sem que um acordo tenha sido alcançado, o viés para o dólar foi de alta ante outras divisas.
Às 17:19 (de Brasília), o índice do dólar --que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas-- subia 0,32%, a 103,870.
No Brasil, pela manhã, o Banco Central vendeu todos os 16.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados na rolagem dos vencimentos de julho.