O dólar fechou em queda de mais de 1% nesta quinta-feira, a R$ 2,67, acompanhando o bom humor externo após o Federal Reserve, banco central americano, tranquilizar os mercados ao reforçar que não tem pressa para elevar os juros.
Os investidores também receberam bem o corte anunciado pelo governo brasileiro nas despesas não obrigatórias até que o Orçamento seja aprovado. Mesmo assim, a percepção é que o dólar deve voltar ao nível de R$ 2,70 reais em breve, uma vez que ainda há muitas incertezas em relação à política fiscal brasileira e à política monetária americana.
A divisa americana recuou 1,15%, a R$ 2,6724 na venda, após atingir R$ 2,6617 na mínima da sessão. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de US$ 1,7 bilhão (aproximadamente R$ 4,58 bilhões).
"Tivemos fatores positivos nos mercados externo e doméstico. O real teve um dia favorável por todos os lados", resumiu o gerente de operações do Banco Confidence, Felipe Pellegrini, ressaltando, contudo, que o quadro de indefinições significa que a "amanhã é outro dia" para o câmbio.
Na ata da última reunião do Fed, divulgada após o fechamento dos negócios na véspera, o banco central manteve seus planos de começar a elevar os juros ainda neste ano, mas reiterou que pode ser "paciente" ao fazê-lo. No geral, os mercados esperam que as taxas serão elevadas em meados deste ano.
Os juros americanos em níveis baixos manteria a atratividade de ativos de outros países, como papéis brasileiros, sustentando a perspectiva de fluxo financeiro positivo.
"A ata do Fomc desfez um pouco a preocupação do mercado... Com um pouco menos de medo de juros mais altos nos Estados Unidos, o dólar tem espaço para cair um pouco aqui", disse o superintendente de câmbio da corretora Tov, Reginaldo Siaca.
Internamente, os mercados receberam bem a decisão do governo brasileiro de limitar as despesas não obrigatórias a 1/18 por mês do valor na lei orçamentária, que ainda precisa ser aprovada no Congresso. Segundo o Ministério do Planejamento, a redução representa corte adicional de US$ 1,9 bilhão ao mês.
Agentes financeiros vêm buscando informações sobre como o governo pretende cumprir a meta fiscal anunciada para este ano, equivalente a 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB). O mercado considerou que o número aponta na direção correta, mas será difícil de ser entregue.
"O governo está começando a colocar a mão na massa", disse o operador de câmbio da corretora B&T, Marcos Trabbold, ressaltando, contudo, que o mercado ainda quer ver mais medidas concretas no âmbito fiscal.
Referência
Operadores destacavam o nível de R$ 2,70 como uma referência no curto prazo para o dólar. Segundo eles, a moeda norte-americana não deve se afastar muito desse patamar, nem para cima nem para baixo, enquanto ainda restarem dúvidas sobre os planos fiscais do governo e sobre a política monetária norte-americana.
Nesta manhã, o Banco Central brasileiro vendeu a oferta total de até 2 mil swaps cambiais, que equivalem a venda futura de dólares, pelas atuações diárias. Foram vendidos 1,9 mil contratos para 1º de setembro e 100 para 1º de dezembro, com volume correspondente a US$ 98,6 milhões.
O BC também vendeu a oferta integral de até 10 mil swaps para rolagem dos contratos que vencem em 2 de fevereiro, equivalentes a US$ 10,405 bilhões. Ao todo, a autoridade monetária já rolou cerca de 23% do lote total.