O dólar fechou em queda de quase 2% nesta quinta-feira, voltando a R$ 2,65 em linha com o exterior, após o Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, indicar na véspera que está caminhando para elevar os juros em algum momento do ano que vem, mas que adotará uma postura "paciente" ao fazê-lo.
A moeda norte-americana caiu 1,73%, a R$ 2,6550 na venda, chegando a bater R$ 2,6454 na mínima da sessão. Na véspera, a divisa recuou 1,23% mas ainda continuou no patamar de R$ 2,70.
Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de 2 bilhões de dólares.
No fim da tarde da quarta-feira, com o mercado de câmbio já fechado, o Fed deu forte sinal de que está caminhando para elevar os juros em 2015, numa demonstração de confiança na economia norte-americana, mas que adotará uma postura "paciente".
"Foi um comunicado bom para todos os lados: foi positivo sobre a economia (dos EUA), mas foi cauteloso em relação à política monetária", disse o operador da corretora Intercam Glauber Romano.
Juros mais altos nos EUA poderiam atrair para a maior economia do mundo recursos aplicados em outros países, como o Brasil. Nesse contexto, o dólar recuava também contra moedas como os pesos chileno e colombiano.
O bom humor veio após um início de semana marcado por intensa aversão ao risco, em meio à queda dos preços do petróleo e à disparada do dólar sobre o rublo. Nesta sessão, a divisa dos EUA voltava a subir contra o rublo depois de um dia de alívio, uma vez que investidores não encontraram no discurso do presidente Vladimir Putin medidas concretas para enfrentar a crise cambial.
Segundo operadores, o movimento do real nesta sessão foi intensificado pelo desmonte de posições compradas em dólar que haviam sido montadas em meio ao pessimismo recente, além da baixa liquidez típica de fim de ano.
"Assim como a alta foi rápida, a queda foi rápida. O mercado se apavorou e depois voltou atrás", afirmou o operador de um importante banco nacional.
No cenário doméstico, investidores seguiam aguardando detalhes das medidas que serão adotadas pela nova equipe econômica, além de como será a extensão do programa de intervenções diárias do Banco Central no câmbio em 2015.
O presidente do BC, Alexandre Tombini, já disse que a ração diária será estendida com volumes equivalentes a entre US$ 50 milhões e US$ 200 milhões por dia, mas não deu mais detalhes.
"Por enquanto, o mercado não sabe que valor (de swaps cambiais) colocar na conta. Quando isso for divulgado, a perspectiva vai ficar mais clara", disse o diretor de câmbio da corretora Pioneer, João Medeiros.
Nesta manhã, o BC vendeu a oferta total de até 4 mil swaps cambiais, equivalentes a venda futura de dólares, pelas atuações diárias. Foram vendidos 2,1 mil contratos para 1º de setembro e 1,9 mil para 1º de dezembro de 2015, com volume correspondente a US$ 196,2 milhões.
O BC também vendeu a oferta integral de até 10 mil swaps para rolagem dos contratos que vencem em 2 de janeiro, equivalentes a US$ 9,827 bilhões. Ao todo, a autoridade monetária já rolou cerca de 70% do lote total.
O BC também fez nesta sessão dois leilões de linha de até US$ 2 bilhões ao todo. A taxa de recompra da primeira operação, em 3 de março de 2015, ficou em R$ 2,717168 e a da segunda operação, em 2 de julho de 2015, foi de R$ 2,810846.