O dólar subiu 1,5% ante o real nesta quarta-feira para o maior nível em quase seis anos após pesquisas eleitorais do Ibope e do Datafolha mostrarem que a presidente Dilma Rousseff (PT), cuja política econômica é alvo de críticas nos mercados financeiros, mantém liderança firme na corrida presidencial.
A moeda norte-americana encerrou em R$ 2,48 na venda, renovando a máxima atingida pela última vez em dezembro de 2008. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de US$ 1,6 bilhão.
"O mercado não está mais se baseando em fluxo, só em notícias sobre as eleições", afirmou o superintendente de câmbio da corretora Intercam, Jaime Ferreira.
Dilma ampliou a liderança nas intenções de voto no primeiro turno e continua mostrando vantagem na segunda rodada, segundo os dois levantamentos eleitorais. Já a diferença entre os rivais Marina Silva (PSB) e Aécio Neves (PSDB) diminuiu, tornando cada vez mais incerto quem disputará o segundo turno contra a atual presidente.
O avanço recente das intenções de voto para Dilma ajudou a moeda norte-americana a registrar em setembro a maior alta mensal em três anos, alimentando preocupações inflacionárias decorrentes do aumento dos preços de importados.
O ritmo acelerado de alta do dólar tem preocupado os agentes econômicos. Segundo analistas, vem crescendo a demanda por proteção cambial, o que, por sua vez, pressiona ainda mais as cotações da moeda norte-americana.
"Quando o câmbio tem momentos de tensão sustentada, como está acontecendo agora, muita gente fica com medo de não ter se protegido o suficiente e vai ao mercado com isso na cabeça", disse o gerente de derivativos de um banco internacional.
A cena eleitoral também se traduziu em maior incerteza sobre o comportamento do dólar frente ao real nos próximos meses. Pesquisa da Reuters publicada mais cedo mostrou que as projeções se espalharam muito mais, com o cenário mais pessimista projetando o dólar a R$ 2,90 daqui a um ano, enquanto o mais otimista vê a moeda em a R$ 2,27.
Na véspera, o Banco Central reagiu à pressão no câmbio anunciando já para o primeiro pregão do mês o início da rolagem do lote de swaps cambiais que vencem em novembro, sinalizando a rolagem total destes contratos, que oferecem aos investidores proteção contra futuras altas da moeda norte-americana.
Mas, segundo analistas, esse movimento não é suficiente para apaziguar o nervosismo, além de já ser esperado pelo mercado.
"O BC tem dosado as rolagens de acordo com a volatilidade do mercado, então é razoável esperar que, num momento de nervosismo, a rolagem seja integral", disse o operador de câmbio da corretora B&T Marcos Trabbold.
O BC vendeu nesta sessão a oferta total de até 8 mil swaps para rolagem dos contratos de novembro. Com isso, rolou cerca de 4,5% do lote total, equivalente a US$ 8,84 bilhões.
Pela manhã, o BC também deu continuidade às intervenções diárias no mercado de câmbio, vendendo a oferta total de até 4 mil swaps, com volume correspondente a US$ 197,0 milhões. Foram vendidos 500 contratos para 1º de junho e 3,5 mil para 1º de setembro de 2015.