O dólar fechou esta sexta-feira com a maior alta ante o real em quase dez meses, após pesquisa mostrar empate técnico da presidente Dilma Rousseff (PT) com Marina Silva (PSB) num segundo turno das eleições presidenciais.
Agentes do mercado avaliaram que o resultado da sondagem CNI/Ibope divulgada nesta manhã jogou um balde de água fria no otimismo do mercado sobre uma vitória da oposição. A divisa chegou a subir mais de 2% e encostar em R$ 2,35 durante a sessão, mas o movimento perdeu força na última hora do pregão.
Isso porque investidores passaram a se posicionar para um possível anúncio de uma atuação mais forte do Banco Central para combater a volatilidade do câmbio e potenciais impactos sobre a inflação provocados pelo encarecimento de importados.
A moeda americana subiu 1,65%, a R$ 2,3351 na venda, após atingir R$ 2,3475 na máxima do dia. Na semana, o dólar apreciou-se 4,26%, maior valorização semanal em um ano. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de US$ 1,3 bilhão.
Segundo levantamento do CNI/Ibope, Marina tem 43% das intenções de voto num eventual segundo turno, contra 42% da presidente, que tem sido alvo de críticas nos mercados financeiros pela condução da atual política econômica. A valorização desta sessão refletiu ainda expectativas de que o Federal Reserve, banco central dos EUA, sinalize em sua reunião na semana que vem que os juros podem subir mais cedo do que o esperado na maior economia do mundo, o que atrairia recursos atualmente aplicados em outros mercados.
"Hoje, juntou a fome com a vontade de comer e o dólar disparou aqui e lá fora", afirmou o gerente de câmbio da corretora Fair, Mario Battistel, que acredita que o BC deve aumentar a oferta de swaps cambiais para rolagem na segunda-feira para "sondar" o mercado.
Os rendimentos dos Treasuries têm subido desde o início desta semana, quando o Fed de San Francisco divulgou estudo mostrando que o banco central projeta um aperto monetário mais rápido e mais antecipado do que o mercado precifica. Essa ansiedade tem ganhado força à medida que se aproxima a reunião da semana que vem do Fed, uma das mais cruciais do ano, quando deverá debater um plano para endurecer sua política monetária.
"Se essas pesquisas continuarem mostrando mais chance de reeleição da Dilma e o cenário externo continuar negativo, não dá para saber onde o dólar vai parar", afirmou o operador de câmbio da corretora B&T Marcos Trabbold.
Contribuiu ainda para a valorização declarações feitas na véspera pelo assessor econômico do programa da candidata do PSB à Presidência Alexandre Rands à Reuters. Segundo ele, um eventual governo de Marina Silva acabaria com o atual programa de intervenções diárias do BC, o que levou o dólar a fechar em alta na véspera e ajudava a manter o movimento nesta sessão.
Pela manhã, o BC vendeu a oferta total de até 4 mil swaps pelas rações diárias, com volume correspondente a US$ 197,7 milhões. Foram vendidos 1 mil contratos para 1º de junho e 3 mil para 1º de setembro de 2015. O BC também vendeu a oferta total de até 6 mil swaps para rolagem dos contratos que vencem em 1º de outubro. Ao todo, a autoridade monetária já rolou cerca de 22% do lote total, equivalente a US$ 6,677 bilhões.