O dólar fechou o primeiro pregão do ano com a maior queda ante o real desde maio de 2017, em linha com o exterior e com investidores apostando que o Tribunal Regional Federal da 4ª Região manterá a condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o Congresso aprovará a reforma da Previdência.
O dólar recuou 1,64%, a R$ 3,2601 na venda, na maior queda desde 19 de maio, quando o mercado reagia aos desdobramentos da delação de executivos da JBS. O dólar futuro caía cerca de 1,7%.
A divisa norte-americana teve a maior queda nos últimos três meses contra uma cesta de moedas nesta terça-feira, depois do maior recuo em 14 anos em 2017, por expectativas do mercado de que o Federal Reserve adotará um ritmo mais lento de aumento dos juros.
No âmbito doméstico, investidores avaliam informações sobre o fluxo do primeiro trimestre, com emissões e captações indicando notícias boas, afirmou José Faria Junior, diretor da Wagner Investimentos.
O mercado também aposta que o Tribunal Regional Federal da 4ª Região manterá a condenação do ex-presidente Lula, o que poderia retirar o petista da corrida presidencial deste ano, disse Faria Júnior. Há expectativa, ainda, de que a reforma da Previdência tende a ser aprovada pelos deputados em fevereiro.
"Não é normal, foi um ajuste muito rápido, num dia só. Não é normal ver o juro futuro cair seis centavos, por exemplo", apontou Faria Júnior. "Tem a ver com a expectativa de um bom janeiro para o mercado, leia-se confirmação da decisão do Sérgio Moro pelo TRF-4 e expectativa de que Previdência passa em fevereiro."
Outro fator pela depreciação da moeda norte-americana no mercado brasileiro, segundo operadores, foi a devolução de hedge feito por alguns investidores, ante a expectativa de que agências de risco poderiam reduzir a nota de crédito do país pelo adiamento da reforma da Previdência.
A votação da reforma previdenciária foi marcada para o dia 19 de fevereiro e, em entrevista à Reuters, o chefe global de ratings soberanos da Standard & Poor's, Moritz Kraemer, afirmou que o país não deveria adiar a questão para 2019, sob o risco de novo rebaixamento de sua nota.