O dólar fechou em alta nesta quinta-feira, após recuar abaixo de R$ 2,60 durante o pregão e atrair investidores comprando divisas aproveitando a cotação considerada barata.
A divisa dos Estados Unidos subiu 0,80%, a R$ 2,6422 na venda, após alcançar R$ 2,5955 na mínima da sessão, queda de quase 1% e menor nível intradia em pouco mais de um mês. Os dados da BM&F desta sessão registram um giro financeiro em torno de US$ 2 bilhões (aproximadamente R$ 5,22 bilhões).
A queda vista mais cedo refletiu expectativas de que a política monetária dos EUA poderá continuar frouxa por mais tempo do que o esperado e de mais estímulos na zona do euro. A perspectiva de maior rigor fiscal no Brasil também havia contribuído para o sentimento positivo no mercado doméstico.
"O dólar caiu muito recentemente, e o mercado começa a perguntar se tem fundamento para tanto", disse Marcos Trabbold, operador de câmbio da corretora B&T, ressaltando também a ação de importadores, para quem as cotações se tornaram mais atraentes.
Nos último cinco pregões até a véspera, o dólar havia recuado 3,04% sobre o real.
Mercado estrangeiro contribui com cenário
Expectativas de que o Banco Central Europeu (BCE) adote já na semana que vem programa de compra de títulos de governos, conhecido como "quantitative easing", vêm contribuindo para aliviar o dólar nos mercados internacionais.
A percepção de que o Federal Reserve, banco central americano, poderia ser "paciente" para elevar os juros também tem ajudado. Isso porque, se essas expectativas se confirmarem, recursos externos tenderiam a migrar para ativos que pagam rendimentos elevados, como os brasileiros.
No mercado de títulos da dívida pública dos Estados Unidos, existem apostas de que o Fed poderia esperar o ano que vem para começar a elevar os juros. Pesquisas da Reuters com economistas, contudo, mostravam expectativas firmes de que o aumento ocorra em junho deste ano.
"A perspectiva de estímulos na Europa e juros baixos por mais tempo nos Estados Unidos é favorável para o mercado brasileiro", afirmou Alfredo Barbutti, economista-chefe da corretora BGC Liquidez. "Nós temos nossos problemas, mas parece que o mercado está pouco a pouco ficando mais tranquilo", acrescentou.
Nesta sessão, o franco suíço também atraiu atenções, após o banco central do país surpreender os mercados e descartar o limite que vinha impondo à divisa nos últimos três anos. Com isso, a moeda suíça chegou a disparar 30% contra o euro e 25% contra o dólar.
Operadores afirmaram, contudo, que as turbulências vindas dos alpes suíços tiveram impacto bastante limitado no mercado brasileiro, uma vez que a perspectiva de maior disciplina fiscal no Brasil tem animado investidores.
Mercado e governo em 'lua de mel'
Medidas de controle das contas públicas anunciadas pela nova equipe econômica vêm agradando os agentes financeiros. "As intenções da equipe econômica têm vindo bem em linha com o que o mercado quer, mas é difícil saber se eles vão conseguir cumprir o prometido", disse o superintendente de câmbio da corretora Intercam, Jaime Ferreira.
Nesta manhã, o Banco Central brasileiro deu continuidade às intervenções diárias no câmbio, vendendo até 2 mil contratos de swap cambial, que equivalem a venda futura de dólares. Todos os contratos vendidos vencem em 1º de dezembro e correspondem a US$ 98,0 milhões.
Também foram ofertados swaps para 1º de setembro, mas nenhum foi vendido.
O BC também vendeu a oferta integral de até 10 mil swaps para rolagem dos contratos que vencem em 2 de fevereiro, equivalentes a US$ 10,405 bilhões. Ao todo, a autoridade monetária já rolou cerca de 47% do lote total.
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