O dólar fechou com leve alta nesta quarta-feira, com investidores realizando lucros após a divisa superar R$ 2,30 no intradia, impulsionada pela expectativa de que as próximas pesquisas eleitorais irão mostrar redução da diferença entre Marina Silva (PSB) e Dilma Rousseff (PT) em eventual segundo turno das eleições presidenciais.
O movimento também refletiu a apreciação da moeda americana nos mercados internacionais, ainda reagindo a apostas de que o Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, pode dar início ao processo de alta do juro mais cedo do que se esperava.
A divisa americana subiu 0,22%, a R$ 2,2912 na venda, após chegar a R$ 2,3025 na máxima da sessão. Foi a primeira vez que a moeda superou R$ 2,30 no intradia desde 8 de agosto. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de US$ 1,2 bilhão.
"De um lado, o mercado reluta em colocar o dólar muito para cima porque tem medo que o BC atue. Do outro, não coloca muito para baixo porque tem medo das pesquisas eleitorais. Estamos numa situação complicada", afirmou o operador da corretora B&T Marcos Trabbold.
No mês passado, o dólar firmou-se em clara trajetória de queda ante o real, diante de pesquisas sinalizando menores chances de reeleição da presidente Dilma, que tem sido criticada por sua política econômica.
Contudo, o dólar mudou de rumo nas últimas sessões, após pesquisas eleitorais mostrarem redução da liderança em eventual segundo turno de Marina, cujo discurso ortodoxo tem agradado o mercado. Nesta manhã, pesquisa Vox Populi mostrou Marina com 42% das intenções de voto e Dilma com 41% em segundo turno. A expectativa agora é pelos números da sondagem Datafolha sobre a corrida presidencial que devem ser divulgados nesta noite. Alguns agentes do mercado apostam que a pesquisa mostrará Dilma na liderança.
Além das incertezas políticas que pesam sobre o câmbio, a moeda dos EUA ganhou impulso do exterior nesta semana, após o Fed de San Francisco divulgar pesquisa mostrando que investidores esperam um aperto monetário mais lento do que as próprias autoridades do banco central norte-americano. Juros mais alyos nos EUA tendem a atrair recursos hoje aplicados em países como o Brasil.
Embora a maior parte do mercado só espere que isso ocorra no ano que vem, cresceram as expectativas de que o banco central americano adote um linguagem mais contracionista na reunião da semana que vem.
Aqui, investidores também aguardam a reação do Banco Central brasileiro à escalada do dólar, que pode pressionar a inflação doméstica. "Será que o BC vai entrar? Com certeza o mercado vai testar para ver se isso acontece", disse o superintendente de câmbio da corretora Advanced, Reginaldo Siaca.
Nesta manhã, em sua atuação diária no mercado de câmbio, o BC vendeu a oferta total de até 4 mil swaps cambiais, que equivalem a venda futura de dólares. Foram vendidos 500 contratos para 1º de junho e 3,5 mil para 1º de setembro de 2015, com volume correspondente a US$ 197,5 milhões.
O BC também vendeu a oferta total de até 6 mil swaps para rolagem dos contratos que vencem em 1º de outubro. Ao todo, a autoridade monetária já rolou cerca de 13% do lote total, equivalente a US$ 6,677 bilhões.