Apesar do forte avanço das cotações no exterior, o dólar fechou a terça-feira praticamente estável ante o real, com o mercado se apegando às promessas do governo Lula de equilíbrio fiscal e à expectativa de que o ciclo de alta de juros no Brasil seja mais longo, como indicado na ata do último encontro do Copom.
O dólar à vista fechou o dia em leve alta de 0,04%, cotado a 5,7735 reais. Em novembro, a divisa acumula baixa de 0,14%.
Às 17h12, na B3 o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,03%, a 5,7805 reais na venda.
Antes da abertura do mercado a ata do Comitê de Política Monetária (Copom) reiterou as preocupações do BC com as expectativas de inflação desancoradas e alertou que isso pode levar a um ciclo mais longo de elevações da Selic, hoje em 11,25% ao ano.
"A desancoragem das expectativas de inflação é um fator de desconforto comum a todos os membros do Comitê", disse o BC na ata. "Uma deterioração adicional das expectativas pode levar a um prolongamento do ciclo de aperto de política monetária."
Uma Selic mais alta em tese favorece a atração de investimentos ao Brasil, o que atuaria como um fator de baixa para o dólar ante o real. Pela manhã essa perspectiva fez o dólar oscilar em baixa, ainda que no exterior a divisa norte-americana sustentasse ganhos firmes. Às 10h06 o dólar à vista atingiu a cotação mínima de 5,7540 reais (-0,30%).
A moeda norte-americana e os rendimentos dos Treasuries avançavam globalmente na sessão ainda em reação às promessas políticas do presidente eleito Donald Trump de corte de impostos e aumento de tarifas de importação nos EUA.
Isso fez o dólar ensaiar ganhos mais consistentes ante o real no período da tarde, com a divisa atingindo a máxima de 5,7999 reais (+0,50%) às 14h49.
Operador ouvido pela Reuters pontuou que o patamar de 5,80 reais -- como vem ocorrendo nas sessões mais recentes -- funcionou como importante resistência técnica para as cotações.
No restante do dia, o dólar oscilou próximo da estabilidade.
"O nosso dólar andou bem de lado, porque estamos na iminência ainda de que as propostas do governo para a área fiscal sejam apresentadas para a Câmara e para o Senado", lembrou Lucélia Freitas Aguiar, especialista em câmbio da Manchester Investimentos. "Com o BC apertando a Selic e saindo algo do lado fiscal, a tendência é o dólar dar uma estabilizada, não ficar tão disparado", acrescentou.
Pela manhã, o vice-presidente Geraldo Alckmin afirmou que o Brasil terá uma política fiscal "vigorosa", mas não houve qualquer detalhamento das medidas, aguardadas com ansiedade pelo mercado.
No fim da manhã o BC vendeu todos os 15.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados em leilão para rolagem do vencimento de 2 de janeiro de 2025.
No exterior, o dólar seguia em alta ante quase todas as demais divisas. Às 17h12, o índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- subia 0,58%, a 106,030.