O dólar interrompeu uma sequência de três dias de acomodação e encerrou a sexta-feira, 6, em alta firme no Brasil, batendo novo recorde de fechamento, em meio a receios de que o pacote fiscal do governo seja desidratado no Congresso e ao avanço da moeda norte-americana no exterior.
O dólar à vista encerrou o dia em alta de 1,13%, cotado a R$ 6,0766 -- no maior valor nominal de fechamento da história. Durante o dia, chegou a colar nos R$ 6,10. Com o movimento, a divisa dos EUA acumulou alta de 1,26% na semana e de 25,25% no ano.
Às 17h07, na B3 o dólar para janeiro -- o mais líquido no Brasil atualmente -- subia 1,42%, aos R$ 6,0955.
Pela manhã, o dólar chegou a oscilar no território negativo, abaixo dos R$ 6,00, mas o movimento teve pouco fôlego. Tanto o exterior quanto o cenário doméstico davam motivos para nova alta da moeda norte-americana, segundo operadores.
Lá fora, o relatório payroll do Departamento do Trabalho mostrou que a economia dos EUA abriu 227.000 vagas de emprego fora do setor agrícola no mês passado, após abertura revisada para cima de 36.000 em outubro. Economistas consultados pela Reuters projetavam criação de 200.000 postos no mês passado.
"O dólar está subindo bem, ganhando dos pares e das moedas emergentes, após um payroll um pouco acima das previsões", comentou durante a tarde o diretor da Correparti Corretora, Jefferson Rugik.
"Não se descarta um corte de juros (pelo Federal Reserve) em dezembro, mas nas reuniões seguintes o mercado já trabalha com a possibilidade de não haver cortes, o que dá força ao dólar", acrescentou.
Internamente o dólar foi impulsionado pelo temor de que as propostas do pacote fiscal do governo sejam desidratadas no Congresso, ou nem mesmo tenham o apoio necessário para aprovação. Uma das notícias na imprensa, que circulava pelas mesas, era a de que parlamentares estariam resistentes a mexer no Benefício de Prestação Continuada (BPC), pago e idosos e a pessoas com deficiência.
Em reação, as taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) dispararam, e o dólar se reaproximou dos R$ 6,10. Depois de marcar a mínima de R$ 5,9844 (-0,41%) às 10h44, o dólar à vista atingiu a máxima de R$ 6,0932 (+1,40%) às 14h07.
Apesar da forte pressão do mercado de câmbio, o Banco Central limitou-se novamente a realizar apenas o tradicional leilão de rolagem de swaps. No fim da manhã o BC vendeu todos os 15.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados no leilão para rolagem do vencimento de 2 de janeiro de 2025.
Às 17h15, o índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- subia 0,30%, a 106,040.