O dólar abandonou perdas de mais cedo e passou a subir frente ao real nesta sexta-feira, depois que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva mostrou resistência a reduzir o montante de gastos extrateto embutido na PEC da Transição e se esquivou de perguntas sobre quem será seu ministro da Fazenda.
Por volta de 13h24 (de Brasília) a moeda norte-americana à vista ganhava 0,56%, a 5,2261 reais na venda, e chegou a saltar 0,85% no pico do dia, a 5,2420 reais. O dólar havia passado a maior parte da manhã em queda frente ao real, e perdeu 0,48%, a 5,1729 reais, no menor patamar da sessão.
O humor dos investidores domésticos azedou depois que Lula defendeu nesta sexta-feira em entrevista coletiva que o Congresso aprove a PEC da Transição "do jeito que nós queremos", ainda que não tenha descartado negociações.
Da forma que foi protocolada no Senado no início desta semana, a PEC abre uma exceção à regra do teto de gastos de quase 200 bilhões de reais por quatro anos, em grande parte para custear o Bolsa Família. Expectativas de que esse montante pudesse ser reduzido durante tramitação do texto no Congresso vinham sustentando o real nos últimos dias.
Além disso, Lula disse que só deve anunciar os nomes de seus ministérios após a diplomação presidencial, no dia 12 de dezembro, e se recusou a afirmar se o ex-prefeito Fernando Haddad será o escolhido para comandar a pasta econômica.
Agentes financeiros veem a definição de um ministro da Fazenda como determinante para garantir visibilidade e facilitar tomadas de decisão de investimento.
"Acredito que, no geral, o mercado está com muita sensibilidade em relação a estes comentários", disse à Reuters Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital, descrevendo a recuperação do dólar frente ao real como uma "uma volatilidade transitória".
Ele disse que o cenário externo colaborava para a valorização da moeda norte-americana, depois que dados de emprego mostraram uma criação de vagas de trabalho nos Estados Unidos mais forte do que o esperado, o que reduziu expectativas de que o Federal Reserve será mais brando na conduta de seu aperto monetário.