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Dólar perde fôlego após flertar com R$5,25, mas preocupação com equipe econômica de Lula permanece

8 nov 2022 - 09h14
(atualizado às 12h32)

O dólar perdeu fôlego nesta terça-feira, depois de mais cedo ter chegado a flertar com os 5,25 reais em meio a temores sobre a configuração da futura equipe econômica do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com aceno do Partido dos Trabalhadores ao centro trazendo algum alívio ao humor dos mercados.

Notas de dólar
03/11/2009
REUTERS/Rick Wilking
Notas de dólar 03/11/2009 REUTERS/Rick Wilking
Foto: Reuters

Às 12:06 (de Brasília), o dólar à vista recuava 0,37%, a 5,1540 reais na venda, em sessão volátil, depois de mais cedo ter saltado até 1,48%, a 5,2497 reais na venda, maior patamar intradiário em mais de uma semana.

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Na B3, às 12:06 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,38%, a 5,1750 reais.

O arrefecimento da divisa norte-americana em relação aos maiores patamares do dia veio depois que a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, formalizou nesta terça-feira o convite para que o MDB --partido mais ao centro-- faça parte da transição para o governo Lula, compondo o conselho político e indicando técnicos.

No entanto, permanecem preocupações relacionadas à falta de indicações claras sobre quem será o ministro da Fazenda de Lula e temores sobre como será conduzida a agenda fiscal do petista, mantendo a volatilidade no mercado de câmbio elevada, disse Larissa Brito, planejadora financeira pela Planejar.

Há semanas os mercados vêm se atendo a esperanças de que o Lula poderia indicar um nome moderado para o cargo, como Henrique Meirelles, mas o ex-presidente do Banco Central já disse várias vezes que não recebeu convites para integrar o governo eleito. Ao mesmo tempo, crescem os temores de que o Ministério da Fazenda acabe sendo liderado por alguém mais à esquerda e que poderia ser inclinado a uma maior flexibilidade das regras fiscais do país, como o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad.

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"O mercado já sinalizou que não aceitará nomes que não façam sentido para a continuidade da (gestão da) economia brasileira", disse Brito, referindo-se à disparada de 2,39% do dólar na véspera, a 5,1733 reais na venda, maior valorização percentual diária desde 24 de outubro (+2,94%) e patamar de encerramento mais alto desde 28 de outubro (5,3023).

A equipe de transição do próximo governo estuda trabalhar por uma emenda constitucional para garantir uma excepcionalidade ao teto de gastos e adequar o Orçamento do ano que vem às promessas de campanha de Lula, como a manutenção dos 600 reais do Auxílio Brasil e o reajuste real do salário mínimo. Os valores a serem excepcionalizados ainda não foram definidos oficialmente, mas há a expectativa de que possam superar os 200 bilhões de reais.

"Todas estas imposições, em meio à arrecadação menor em 2023, dado o menor crescimento econômico e menor inflação, podem incrementar a percepção de que o governo não terá fontes de recursos além do financiamento via títulos públicos, pois tais desafios igualmente dificultam a criação de novos impostos", disse Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset, em nota a clientes.

O clima de cautela nos mercados brasileiros vem após um período pós-segundo turno amplamente positivo para os ativos locais. No acumulado da semana passada, período que sucedeu a vitória eleitoral de Lula, o dólar despencou 4,71%, maior queda semanal desde o período findo em 29 de julho (-5,91%).

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Investidores atribuíram esse desempenho a expectativas de uma transição de poder relativamente tranquila e à percepção benigna que investidores estrangeiros têm de Lula, cuja agenda é muito mais alinhada à governança ambiental, social e corporativa (ESG, na sigla em inglês) do que a do atual presidente Jair Bolsonaro (PL).

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