Apesar da volatilidade recente e dos solavancos no dólar, Caio Megale, economista-chefe da XP, reforça que a casa não acredita que a moeda se estabilize em patamares de R$ 5,70 - cotação atingida na última terça (2) - ou fique próximo de R$ 6.
Segundo o especialista, do começo do ano para cá as expectativas para a cotação do dólar de fato aumentaram, com uma deterioração do fiscal e mudanças nas projeções de inflação e de juros, mas isso não é suficiente para que as projeções passem a ser próximas de R$ 6.
"A nossa projeção do dólar saiu de R$ 5 para R$ 5,40, o que tem muito a ver com a condução da política econômica - tanto fiscal quanto monetária. No momento em que as variáveis chegam em dúvida, meta fiscal do arcabouço, meta de inflação, a temperatura política subiu exacerbadamente; fica a dúvida se vamos ter uma 'atropelada política", comenta Megale.
"Existe uma parte da projeção que fica [mais alta], mas nãos subimos para R$ 5,70. Não achamos que vai para R$ 6", completa.
O economista-chefe da XP ainda acrescenta que esse cenário também deve alterar as projeções de inflação, dado que o dólar mais alto é inflacionário.
Sobre os juros, Megale acrescenta que a expectativa não é de uma alta da Selic.
"A barra está alta. Não estimamos uma nova alta mesmo que seja isso que está precificado no mercado futuro. Mas se virmos novamente aquela dinâmica do câmbio, de altas de 10 centavos todo dia, as projeções de inflação terão uma nova rodada de alta e o Banco Central pode eventualmente mudar a sua postura".
Consenso espera dólar a R$ 5,20 até o fim de 2025
Conforme a edição mais recente do Boletim Focus, desta segunda (8), a expectativa do consenso de mercado é de um dólar a R$ 5,20 para o ano de 2024.
Há quatro semanas, o mercado tinha uma expectativa razoavelmente menor para o câmbio, de R$ 5,05.
Para o ano de 2025 a projeção do dólar foi elevada para R$ 5,20, sendo a quinta vez consecutiva que a expectativa é elevada.