O dólar recuava frente ao real nesta quarta-feira, na contramão do exterior, à medida que investidores digeriam a melhora na nota de crédito do Brasil pela Moody's, deixando em segundo plano um cenário externo com aumento das tensões geopolíticas no Oriente Médio e novos dados fortes de emprego nos Estados Unidos.
Às 9h36, o dólar à vista caía 0,83%, a 5,4187 reais na venda. Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha queda de 0,02%, a 5,444 reais na venda.
A agência de classificação de risco Moody's elevou na terça-feira a nota do Brasil de Ba2 para Ba1 e manteve a perspectiva positiva, afirmando que a atualização reflete melhorias materiais no crédito, que a instituição espera que continuem à frente.
A mudança da nota deixa o Brasil a um degrau do chamado grau de investimento, classificação dada a países vistos como de baixo risco de calote.
O anúncio, que veio após o fechamento dos mercados, impulsionava o real nesta sessão, à medida que o cenário doméstico positivo, que inclui a perspectiva de aumento do diferencial de juros entre Brasil e EUA, tornava a moeda brasileira atrativa para investidores estrangeiros.
"A notícia da Moody's, que inesperadamente elevou o rating do Brasil... foi o suficiente para a recuperação da moeda local, que teve impacto não só no câmbio, mas também nos juros futuros e na bolsa", disse Marcio Riauba, gerente da Mesa de Operações da StoneX Banco de Câmbio.
Os ganhos do real, no entanto, eram contidos por um cenário externo mais adverso, uma vez que a escalada das tensões no Oriente Médio, após o Irã atacar Israel com mísseis na véspera, levava investidores a buscarem ativos seguros, como o dólar.
O Irã afirmou nesta quarta que já havia encerrado a ofensiva, mas EUA e Israel prometeram retaliar o ataque. A perspectiva de guerra ampla na região tem provocado um salto nos preços do petróleo, além de quedas em mercados de ações e de moedas consideradas menos seguras.
"Quando acontece esse tipo de evento, a gente sabe que a tendência é que realmente o dólar se valorize perante as demais moedas, visto que é a moeda forte e líquida do mercado", disse Thiago Avallone, especialista em câmbio da Manchester Investimentos.
Nos EUA, dados de emprego mais fortes do que o esperado consolidavam as expectativas de cortes graduais de juros pelo Federal Reserve, o que, em tese, também deixa a moeda norte-americana mais atrativa, após as perdas acumuladas com projeções anteriores de um afrouxamento monetário mais agressivo.
O relatório da ADP mostrou a criação de 143.000 empregos no setor privado em setembro, de 103.000 em agosto, em número revisado para cima. Economistas consultados pela Reuters projetavam 120.000 vagas criadas.
Operadores colocavam 64% de chance de um corte de 25 pontos-base pelo Fed em novembro, acima dos 61% antes dos dados.
O índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- subia 0,17%, a 101,420.
O desempenho da divisa dos EUA em mercados emergentes era misto, com queda ante o peso mexicano e o rand sul-africano e alta frente ao peso colombiano.