O dólar à vista oscilava pouco ante o real nesta quarta-feira, à medida que os investidores demonstravam cautela enquanto se posicionam para as reuniões de política monetária do Federal Reserve e do Banco Central mais tarde e seguem de olho nas incertezas geopolíticas.
Às 10h02, o dólar à vista subia 0,08%, a R$5,6800 na venda.
Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha alta de 0,07%, a R$5,693 na venda.
Na terça-feira, o dólar à vista fechou em baixa de 0,19%, a R$5,6755, a menor cotação desde 24 de outubro.
Nesta sessão, as atenções dos investidores estarão voltadas para as decisões de política monetária no Brasil e nos Estados Unidos, uma vez que os agentes buscam indícios sobre a trajetória das taxas de juros em ambos os países.
O Fed divulgará sua decisão às 15h, com ampla expectativa nos mercados de que as autoridades manterão os juros inalterados pelo segundo encontro consecutivo, uma vez que a inflação nos EUA -- de acordo com o índice PCE, o preferido do banco central -- continua um pouco acima da meta de 2%.
O foco dos mercados, no entanto, estará em torno da publicação de novas projeções econômicas pelas autoridades, as primeiras desde a posse do novo presidente dos EUA, Donald Trump.
Os membros do Fed têm demonstrado confiança no processo de desinflação, assim como observado um mercado de trabalho ainda saudável. Por outro lado, as medidas de Trump têm provocado maior pessimismo nas expectativas de analistas, consumidores e empresários.
Desde 20 de janeiro, quando chegou ao cargo, o presidente norte-americano já impôs tarifas sobre importações chinesas e compras de aço e alumínio -- com ameaças de mais taxas à frente --, intensificou o controle da imigração e iniciou um processo de demissões em massa de funcionários do governo federal.
As medidas têm gerado recentemente um temor de "estagflação" nos EUA, uma vez que as políticas poderiam, segundo economistas, elevar os preços de uma série de produtos, mas também provocar incertezas nos consumidores e empresários, que segurariam seus gastos e investimentos.
Operadores ainda precificam pelo menos dois cortes de juros pelo Fed neste ano, com uma expectativa abaixo de 50% de uma terceira redução.
No Brasil, a expectativa é pela decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), que já sinalizou anteriormente que deve elevar a Selic em 1 ponto percentual, a 14,25% ao ano, ao fim da reunião desta quarta.
Os agentes financeiros estarão atentos a qualquer indício do BC sobre os próximos movimentos a partir da reunião de maio.
"Essa será a última decisão seguindo o 'guidance' da gestão de Roberto Campos Neto", pontuou Márcio Riauba, Head da Mesa de Operações da StoneX Banco de Câmbio.
"O mercado está dividido quanto ao tom do comunicado: alguns acreditam que manterá a sinalização de novas altas, ainda que em um ritmo menor, enquanto outros esperam que (o presidente Gabriel) Galípolo deixe a decisão em aberto para a próxima reunião", completou.
Os mercados globais também seguem de olho nas incertezas geopolíticas ao redor do mundo, com destaque para as discussões pelo fim da guerra na Ucrânia, que ganharam novo capítulo na véspera com o telefonema entre Trump e o presidente russo, Vladimir Putin.
A conversa teve como resultado um acordo por um cessar-fogo de 30 dias em ataques russos contra a infraestrutura de energia da Ucrânia.