dólar fechou em alta ante o real nesta segunda-feira, impulsionado pela persistente queda dos preços do petróleo e por preocupações com a Grécia, além de dúvidas sobre a recuperação da credibilidade da política fiscal brasileira.
Agentes financeiros também adotaram postura cautelosa antes da divulgação, na quarta-feira, da ata da última reunião do Federal Reserve, banco central norte-americano. A redução das intervenções diárias do Banco Central brasileiro contribuiu para a pressão sobre o câmbio.
A moeda norte-americana subiu 0,6%, a R$ 2,7087 na venda, após avançar quase 1,5%, a R$ 2,7315, na máxima da sessão. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de US$ 1,6 bilhão.
"Só mudou o calendário. Todos os problemas que o mercado via no ano passado continuam pesando neste começo de ano", resumiu o operador de câmbio da corretora Intercam Glauber Romano.
No exterior, o dólar avançou ante as principais moedas após os preços do petróleo atingirem o menor nível dos últimos cinco anos e meio. A divisa norte-americana atingiu o maior patamar contra o euro em nove anos, impulsionada também por expectativas de estímulos na zona do euro e por incertezas sobre a situação da Grécia no bloco monetário.
A perspectiva de que o Fed eleve os juros em breve tem pressionado os mercados cambiais, uma vez que o aperto monetário pode atrair para a maior economia do mundo recursos aplicados em outros países, como o Brasil. Investidores buscarão mais pistas sobre as intenções do banco central dos EUA na ata de sua última reunião, quando prometeu ser "paciente" para elevar os juros.
Internamente, o mau humor foi reduzido pela indicação da equipe do novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy. O anúncio agradou investidores e tirou o dólar das máximas da sessão, mas agentes financeiros continuaram demonstrando dúvidas sobre a capacidade de o governo cumprir a meta de superávit primário deste ano, equivalente a 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB).
"Ter uma boa equipe é um começo de conversa. O mercado está esperando mais medidas concretas", disse o gerente de câmbio da corretora Treviso, Reginaldo Galhardo.
A redução da intervenção diária do Banco Central no câmbio continuou atraindo a atenção dos mercados. "Quando o BC corta pela metade a oferta de swaps (cambiais), sanciona o nível de R$ 2,70", disse o operador de um importante banco nacional, acrescentando que o governo tem um caminho "árduo" pela frente no front fiscal.
Nesta manhã, o BC vendeu a oferta total de até 2 mil contratos de swap cambial, que equivalem a venda futura de dólares, pelas rações diárias. Foram vendidos 1,5 mil contratos para 1º de setembro e 500 para 1º de dezembro de 2015, com volume correspondente a US$ 98,2 milhões.
O BC também vendeu a oferta integral de até 10 mil swaps para rolagem dos contratos que vencem em 2 de fevereiro, equivalentes a US$ 10,405 bilhões. Ao todo, a autoridade monetária já rolou cerca de 9% do lote total.