O dólar fechou com alta de 1,29% ante o real nesta quinta-feira, após o Banco Central sinalizar que pode desacelerar o ritmo do aperto monetário, enfraquecendo as expectativas de que juros mais altos no Brasil poderiam atrair mais recursos externos.
A moeda americana chegou a R$ 2,5898 reais na venda, tendo R$ 2,5933 na máxima da sessão. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de US$ 1,2 bilhão (aproximadamente R$ 3,1 bilhões). "O mercado estava com uma expectativa de que o BC fosse mais rígido no comunicado e agora precisa se ajustar", disse Marcos Trabbold, operador de câmbio da corretora B&T.
Na véspera, o BC apertou o passo e elevou a Selic em 0,50 ponto percentual, a 11,75%, mas ressaltou que a decisão foi tomada "neste momento" e que os esforços adicionais de política monetária devem ser adotados "com parcimônia". Na reunião anterior do Conselho de Política Monetária, o Copom, o BC havia surpreendido o mercado ao elevar a taxa básica de juros em 0,25 ponto.
O comunicado levou investidores no mercado de juros futuros a apostarem em um aperto monetário menor. A curva de Depósito Interfinanceiro (DIs) passou a indicar que o atual ciclo de altas de juros deve somar 1,50 ponto, levando a taxa básica a 12,50%. Até a véspera, os contratos mostravam que a Selic terminaria o ciclo a 12,75%.
Força da Europa
O avanço ganhou mais força após o presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, afirmar que o BCE vai reavaliar o impacto de seus estímulos monetários no início do ano que vem. Parte do mercado esperava uma indicação mais forte de que o BCE pretendia realizar mais medias de estímulos, injetando recursos na economia global que poderiam migrar para países como o Brasil.
"Alguns no mercado acreditam que a ideia de que o BCE vai só reavaliar suas ações em janeiro, em vez de já realizar compras (de ativos), é um pouco mais 'hawkish' do que eles esperavam", disse o economista da 4Cast Pedro Tuesta.
Na cena doméstica, investidores aguardam agora mais detalhes sobre quais medidas serão adotadas pela próxima equipe econômica da presidente Dilma Rousseff para enfrentar a inflação alta e crescimento baixo. Nas mesas de câmbio, as atenções estão voltadas principalmente para o programa de intervenções diárias do BC no câmbio, marcado para durar até o fim deste ano.
"O mercado já colocou no preço que o programa vai diminuir. Resta saber o quanto, sabendo que existe inclusive a possibilidade de ele acabar", disse o operador de uma corretora internacional.
Nesta manhã, o BC vendeu a oferta total de até 4 mil swaps cambiais, equivalentes a venda futura de dólares, pelas atuações diárias. Foram vendidos 2,45 mil contratos para 1º de junho e 1,55 mil para 1º de setembro de 2015, com volume correspondente a US$ 197,9 milhões.
O BC também vendeu a oferta integral de até 10 mil swaps para rolagem dos contratos que vencem em 2 de janeiro, equivalentes a US$ 9,827 bilhões. Ao todo, a autoridade monetária já rolou cerca de 20% do lote total.
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