O dólar subiu frente ao real nesta segunda-feira, após a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes de conceder liminar que retira o Bolsa Família da regra do teto de gastos, com investidores tentando entender como a medida afeta a tramitação da PEC da Transição na Câmara dos Deputados.
A moeda norte-americana à vista subiu 0,34%, a 5,3103 reais na venda.
Na B3, onde os negócios vão além das 17h (de Brasília) o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,19%, a 5,3215 reais.
Gilmar Mendes concedeu na noite de domingo, 18, liminar que retira da regra do teto de gastos os recursos para o pagamento do Bolsa Família de 600 reais no ano que vem e permite que o governo federal utilize um crédito suplementar para pagar o benefício.
A decisão de Mendes acontece em meio às negociações na Câmara dos Deputados sobre a PEC da Transição, que busca retirar da regra do teto de gastos recursos para o cumprimento de promessas de campanha feitas pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, entre eles a manutenção do benefício social de 600 reais.
A XP avaliou em nota que o impacto fiscal da liminar de Mendes tende a ser menor que o da PEC da Transição, mas ponderou que "ainda é preciso compreender melhor os detalhes da medida e como isso afeta a tramitação do projeto (PEC) na Câmara".
Apesar da decisão de Gilmar Mendes, o futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu nesta segunda-feira a aprovação da PEC da Transição pelo Congresso. A proposta, que oferece maior segurança jurídica ao governo eleito, está entrando em uma semana decisiva, depois de o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), ter anunciado que a votação do texto acontecerá na terça-feira.
Para Wanessa Guimarães, sócia da HCI Investimentos e planejadora financeira pela Planejar, qualquer leitura de que o Orçamento será estourado ou flexibilizado é negativa para o mercado de câmbio, seja via PEC ou qualquer outro caminho. "A expectativa é de que a gente tenha um dólar crescente daqui para a frente", avaliou ela, que também prevê muita volatilidade nas negociações desta semana.
No exterior, ajudando a limitar as perdas do real, o dólar caía ligeiramente contra uma cesta de moedas fortes, o que Fabrizio Velloni, economista-chefe da Frente Corretora, atribuiu a um ajuste depois de ganhos recentes na esteira da decisão de política monetária do Federal Reserve da semana passada.
Embora tenha desacelerado o ritmo de seu aperto monetário em reunião de dezembro, o banco central norte-americano emitiu comunicado mais duro do que o esperado, alertando que sua batalha contra a inflação ainda não acabou, o que despertou temores de que a alta dos juros nos Estados Unidos levará a maior economia do mundo a uma recessão.
Nesse contexto, o dólar foi beneficiado nos últimos dias, já que é considerado aposta segura em momentos de incerteza econômica.
Na última semana antes do Natal, investidores alertavam para volumes reduzidos de negociação no mercado brasileiro.