Declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre a área fiscal foram mal-recebidas pelo mercado e fizeram o dólar superar a barreira dos R$ 5,50 nesta quarta-feira, 26, com a cotação de fechamento atingindo o maior valor em dois anos e meio, em movimento favorecido ainda pelo avanço firme da moeda norte-americana no exterior.
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O dólar à vista encerrou o dia cotado a R$ 5,5191 na venda, em alta de 1,18%. Este é o maior valor de fechamento desde 18 de janeiro de 2022 -- último ano do governo Bolsonaro -- quando foi cotado a R$ 5,5608. Em junho, a divisa acumula elevação de 5,11% e, em 2024, alta de 13,8%.
Apesar de o exterior puxar as cotações do dólar na abertura, investidores passaram a acompanhar a entrevista de Lula ao portal UOL. As cotações do dólar ganharam força ainda na primeira hora de negócios após o presidente tratar do fiscal -- um dos temas mais sensíveis para o mercado nas últimas semanas.
Entre outras coisas, Lula descartou a possibilidade de o governo desvincular pensões e benefícios como o Benefício de Prestação Continuada (BPC) da política de ganhos reais do salário mínimo.
"Garanto que o salário mínimo não será mexido enquanto eu for presidente da República", afirmou. "Eu não posso penalizar a pessoa que ganha menos."
Em falas recentes, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, vinha defendendo a proposta de desindexação do salário mínimo da Previdência Social.
Na entrevista, Lula também desconversou sobre a possibilidade do o diretor de Política Monetária do BC, Gabriel Galípolo, substituir Campos Neto a partir de 2025. Lula classificou Galípolo como um "companheiro" preparado, mas disse que ainda não pensa na sucessão de Campos Neto no BC -- outro tema bastante sensível para o mercado.