O dólar subia frente ao real nesta segunda-feira, ultrapassando 5,73 reais e em linha com os mercados globais, à medida que a moeda norte-americana se fortalecia no exterior com a percepção de força da economia dos Estados Unidos e o aumento das apostas de vitória de Donald Trump na eleição presidencial do país.
Às 9h44, o dólar à vista subia 0,52%, a 5,7301 reais na venda, o que seria o maior valor de fechamento desde 1º de agosto.
Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,46%, a 5,733 reais na venda.
Dados sólidos de emprego e consumo dos EUA divulgados recentemente têm reduzido as expectativas de investidores de um afrouxamento monetário agressivo pelo Federal Reserve, o que tem elevado os rendimentos dos Treasuries, em cenário positivo para o dólar.
Nesta sessão, o rendimento do Treasury de dez anos -- referência global para decisões de investimento -- subia 5 pontos-base, a 4,126%.
As apostas de que o ex-presidente republicano vencerá a disputa pela Casa Branca também ajudavam a valorizar a divisa dos EUA. As medidas prometidas por Trump, como tarifas e cortes de impostos, são consideradas inflacionárias, o que manteria os juros do Fed altos, algo positivo para o dólar.
"Estamos vendo os holofotes sendo redirecionados para os EUA, onde os mercados temem não apenas o retorno de Trump à Casa Branca, mas também uma vitória em massa do Partido Republicano em todo o Congresso. Esse cenário seria, sem dúvida, o menos favorável para os mercados emergentes", disse Eduardo Moutinho, analista de mercados do Ebury Bank.
Os fatores positivos ao dólar se sobrepunham a elementos favoráveis às moedas de países emergentes nesta sessão. Preços de commodities importantes, como petróleo e minério de ferro, recuparavam-se na esteira de novos anúncios de medidas de estímulo por Pequim.
A China cortou as taxas referenciais de empréstimos nesta segunda conforme previsto, após reduções de outras taxas no mês passado.
Com isso, o dólar subia frente ao peso mexicano e ao peso chileno.
O índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- subia 0,12%, a 103,580.
No cenário doméstico, agentes financeiros ainda mantinham suas preocupações com os esforços do governo para equilibrar as contas públicas, à medida que esperam a materialização de promessas de medidas de contenção de gastos.
O Executivo planeja detalhar medidas para cumprir as regras do arcabouço fiscal após a realização do segundo turno das eleições municipais, em 27 de outubro.
Analistas consultados pelo Banco Central subiram novamente sua projeção para o nível da Selic no próximo ano, em meio a expectativas mais altas para o avanço do IPCA em 2024 e 2025, de acordo com a pesquisa Focus divulgada nesta segunda.
O levantamento, que capta a percepção do mercado para indicadores econômicos, mostrou que a mediana das expectativas para a taxa básica de juros ao fim do próximo ano agora é de 11,25%, de 11,00% na semana anterior, indicando menos cortes de juros em 2025.
A pesquisa semanal com uma centena de economistas mostrou ainda um aumento na projeção para o IPCA neste ano, agora com alta de 4,50% -- exatamente o teto da meta --, ante 4,39% há uma semana. Em 2025, o avanço do índice deve chegar a 3,99%, acima dos 3,96% projetados anteriormente.