O dólar subiu mais de 1% ante o real nesta segunda-feira, com investidores ajustando suas posições à oferta menor de proteção cambial após o Banco Central sinalizar que não deve repor completamente os swaps cambiais que vencem em abril, ao contrário do que tem feito nos últimos meses.
Investidores continuavam demonstrando preocupação com a deterioração dos fundamentos macroeconômicos do país, que ofuscava os fatores de alívio nos mercados externos e a menor apreensão com o ajuste fiscal no Brasil.
A moeda norte-americana subiu 1,37%, a R$ 2,8951, após atingir R$ 2,8960 na máxima do dia. Com isso, a divisa anulou todo o recuo de 1% apurado na véspera.
Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de US$ 700 milhões.
"Como o BC estava sendo o grande provedor de hedge, a saída desse player traz pressão para o dólar futuro", explicaram analistas da Lerosa Investimentos, em relatório.
Após o fechamento de sexta-feira, o BC anunciou que ofertaria nesta sessão até 7,4 mil swaps cambiais, que equivalem a venda futura de dólares, para rolar os contratos que vencem em 1º de abril. A autoridade monetária vendeu integralmente a oferta.
Se mantiver esse ritmo até o penúltimo pregão do mês, como de praxe, a autoridade monetária rolará perto de 80% do lote total, equivalente a 9,964 bilhões de dólares. Nos últimos meses, o BC vinha fazendo rolagens integrais.
Nesta manhã, o BC também deu continuidade às intervenções diárias vendendo a oferta total de até 2 mil swaps, com volume correspondente a US$ 98,3 milhões. Foram vendidos 1.300 contratos para 1º de dezembro de 2015 e 700 para 1º de fevereiro de 2016.
"Passou a época do dólar barato", disse o diretor de câmbio da corretora Pioneer, João Medeiros, para quem o câmbio deve continuar pressionado no curto prazo.
Pela manhã, o avanço da moeda norte-americana foi limitado pela expectativa de maior liquidez nos mercados globais devido ao programa de compra de títulos do BCE e da queda dos juros da China.
Investidores também mostravam menor apreensão com a possibilidade de o ajuste fiscal não ser tão forte quanto o prometido pela equipe econômica, após números positivos sobre as contas públicas e a adoção de uma série de medidas fiscais na semana passada. Ainda assim, o quadro de inflação alta e contração econômica ainda deixava investidores com uma postura defensiva.
"Qualquer susto faz estrago", disse o gerente de câmbio da corretora Treviso, Reginaldo Galhardo.
Agora, agentes financeiros aguardam a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), após o fechamento dos mercados na quarta-feira, e o relatório de emprego do governo dos EUA, na sexta-feira, para fazer apostas mais expressivas.
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