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Dólar sobe pela 2ª sessão puxado por receios com área fiscal

23 set 2024 - 17h17
(atualizado às 17h47)

Após se reaproximar dos 5,60 reais pela manhã, o dólar desacelerou no Brasil nesta segunda-feira, mas ainda assim terminou o dia em leve alta, na segunda sessão consecutiva de ganhos em função das dúvidas do mercado sobre a capacidade do governo Lula de equilibrar as contas públicas.

Nota de 100 dólares
17/12/2009 REUTERS/Sam Mircovich
Nota de 100 dólares 17/12/2009 REUTERS/Sam Mircovich
Foto: Reuters

O dólar à vista fechou o dia em alta de 0,26%, cotado a 5,5352 reais. Em setembro, no entanto, a divisa dos EUA acumula baixa de 1,79%.

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Às 17h27, na B3 o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,31%, a 5,5405 reais na venda.

A moeda norte-americana atingiu o pico da sessão logo após a abertura, com as cotações dando continuidade ao forte movimento da sexta-feira. Por trás disso estavam os receios em torno do equilíbrio fiscal.

Na noite de sexta-feira os ministérios do Planejamento e da Fazenda apontaram, por meio do Relatório de Receitas e Despesas, a necessidade de ampliar em 2,1 bilhões de reais o bloqueio de verbas de ministérios para cumprir o limite de gastos deste ano, totalizando uma contenção de 13,3 bilhões de reais. Segundo projeções da equipe econômica, o governo central fechará 2024 com déficit primário de 28,3 bilhões de reais.

Em entrevista coletiva na manhã desta segunda-feira, o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, afirmou que há incômodo na equipe econômica do governo em relação a uma suposta "irracionalidade" na percepção dos agentes econômicos sobre a gestão fiscal. Ele citou a "especulação mal-feita" em meio a críticas de analistas sobre saídas criativas para contornar restrições das regras fiscais.

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Apesar das reclamações do governo, o mercado seguiu colocando mais prêmios na curva a termo brasileira nesta segunda-feira, enquanto o dólar escalou em direção aos 5,60 reais.

"Há um descontentamento de alguns economistas do mercado com a área fiscal do governo. Com isso, o dólar continuou hoje o movimento de alta visto na sexta-feira", pontuou o diretor da Correparti Corretora, Jefferson Rugik.

Às 9h06, logo após a abertura, o dólar à vista registrou a cotação máxima de 5,5995 reais (+1,42%).

Depois disso o dólar começou a perder força ante o real, com alguns agentes do mercado aproveitando as cotações mais elevadas para vender a moeda norte-americana. Além disso, declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ajudaram a aliviar a pressão no câmbio.

Em Nova York, Haddad reforçou o compromisso do governo com o equilíbrio fiscal e destacou que as despesas do governo seguem dentro das regras do arcabouço. Segundo ele, o Executivo vai conseguir cumprir a meta deste ano para as contas públicas.

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"Nós divulgamos os dados do quarto relatório (bimestral de receitas e despesas) deste ano, mostrando que as despesas estão absolutamente dentro da regra do arcabouço, limitadas a 2,5% de crescimento em relação ao ano passado. Tivemos boas surpresas nesse quarto relatório", disse.

O ministro afirmou ainda que projeções da equipe técnica da pasta apontam que o país deve "subir um degrau" em seu rating no ano que vem, ficando mais próximo do grau de investimento das agências de classificação de risco.

A descompressão no mercado de câmbio fez o dólar à vista atingir a cotação mínima de 5,5274 reais (+0,12%) às 14h35. No restante da sessão, a moeda pouco se afastou deste nível.

A alta do dólar na sexta e nesta segunda-feira ocorre a despeito de, na quarta-feira passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central ter elevado a taxa básica Selic em 25 pontos-base, para 10,75%, enquanto o Federal Reserve cortou os juros nos EUA em 50 pontos-base, para a faixa de 4,75% a 5,00%.

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Na prática, o diferencial de juros segue amplamente favorável ao recebimento de investimentos pelo Brasil -- o que, em tese, abre espaço para um dólar mais próximo dos 5,30 reais, conforme alguns profissionais ouvidos pela Reuters nos últimos dias.

Mas assim como no mercado de DIs (Depósitos Interfinanceiros), os receios em torno da área fiscal têm levado a um aumento de prêmios nos ativos brasileiros. No caso do câmbio, isso significa um dólar em patamar ainda elevado.

No exterior, às 17h27 o índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- subia 0,12%, a 100,900.

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