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Dólar supera R$5,25 e bate máxima em 5 semanas com exterior e fiscal doméstico

12 ago 2021 - 18h02

O dólar voltou a fechar em alta e superou a casa de 5,25 reais nesta quinta-feira, numa máxima em cinco semanas, com o mercado repercutindo os ganhos da moeda no exterior após dados mais fortes de inflação nos EUA e novas incertezas fiscais depois do adiamento da votação de reforma do IR para a próxima semana.

Montinhos de notas de dólares dos EUA retratadas em uma casa de câmbio em Ciudad Juarez, México
15/01/2018
REUTERS/Jose Luis Gonzalez
Montinhos de notas de dólares dos EUA retratadas em uma casa de câmbio em Ciudad Juarez, México 15/01/2018 REUTERS/Jose Luis Gonzalez
Foto: Reuters

O dólar à vista subiu 0,66%, a 5,2542 reais, maior nível desde 8 de julho (5,2549 reais). A cotação variou de 5,2097 reais (-0,20%) a 5,2584 reais (+0,74%).

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No exterior, o índice da divisa norte-americana contra uma cesta de rivais ganhava 0,1%, mantendo-se perto de máximas em mais de quatro meses.

Aqui, o dólar começou o dia em torno da estabilidade, mas logo ganhou tração após dados mostrarem que em julho os preços ao produtor dos EUA tiveram a maior alta anual em mais de uma década. Os números jogaram combustível numa cada vez mais aquecida discussão sobre corte de estímulos nos Estados Unidos --o que na prática poderia reduzir a liquidez para mercados emergentes como o Brasil.

Veja a evolução intradiária do dólar/real e do índice do dólar (em roxo) nesta quinta-feira:

Mas a cena local continuou com forte peso sobre a formação dos preços dos ativos. Num sinal de que incertezas fiscais seguem pautando o mercado, além do dólar os juros futuros fecharam a sessão regular em alta --expressiva, de até 18 pontos-base, nos vértices longos, mais suscetíveis a dúvidas sobre a trajetória da dívida pública.

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A Câmara dos Deputados adiou para a próxima terça-feira a votação do projeto que altera regras do Imposto de Renda, parte do conjunto de medidas que integram a reforma tributária em tramitação no Congresso.

O risco é de que novas versões do texto representem perda ainda maior de arrecadação pelo governo.

"Se o texto voltar na semana que vem com mais concessões, vai gerar na prática mais pressão fiscal, e aí o mercado vai olhar para as perspectivas de trajetória de dívida/PIB", disse Victor Scalet, estrategista macro da XP.

"Ao longo do tempo a gente foi vendo o texto cada vez mais alterado, com impacto fiscal cada vez maior do que o texto original. E aí mais para a frente fica o receio de mais dificuldade fiscal", acrescentou.

O olhar torto do mercado para a reforma do IR se soma a outros fatores de risco fiscal, como a ideia de aumento do Bolsa Família à custa de uma proposta de parcelamento dos valores dos precatórios --o que para muitos economistas nada mais é do que uma forma de pedalada fiscal, num contexto de um governo com popularidade em queda e a um ano da eleição presidencial.

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Olhando até dezembro, porém, analistas afirmam que o real ainda tem um caminho de apreciação, apoiado em boa parte pelos juros mais altos.

"Um BC 'hawkish' (duro com a inflação) pode dissipar temporariamente as preocupações com o real, enquanto ventos contrários mais estruturais se instalam em segundo plano, incluindo a situação fiscal do país e a eleição presidencial do próximo ano", disseram profissionais do Société Générale em nota.

Nesta quinta, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reafirmou a postura mais dura do BC em relação ao aumento de preços na economia ao pontuar que a autoridade monetária fará o que for preciso para ancorar as expectativas de inflação, já que essa é sua missão fundamental.

Scalet, da XP, disse que a equipe da casa se reuniu nesta quinta e decidiu manter a previsão de dólar a 4,90 reais ao fim do ano. "Acho que até lá vai haver um refresco nessas preocupações de agora; não é algo para daqui a uma, duas semanas, mas deverá acontecer, e os fluxos de dólar seguem fortes", afirmou.

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