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Dólar tem forte queda e fecha abaixo de R$5,60, em dia sem ataques de Lula ao BC

Nesta quarta-feira o presidente interrompeu as críticas e, em movimento contrário, afirmou que a responsabilidade fiscal é um compromisso de

3 jul 2024 - 17h06
(atualizado às 17h51)
Às 17h15, na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 1,96%, a 5,5855 reais na venda.
Às 17h15, na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 1,96%, a 5,5855 reais na venda.
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil / Estadão

Em um dia em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não discursou contra o Banco Central e a atual política monetária, o dólar finalmente encontrou espaço para cair ante o real e voltar a ser cotado abaixo dos 5,60 reais, em meio à expectativa de que o governo atue de fato para conter a crise de confiança que elevou as cotações nas últimas semanas.

O dólar à vista encerrou a quarta-feira cotado a 5,5693 reais na venda, em baixa de 1,72%. Esta é a maior queda percentual em um único dia desde 6 de janeiro de 2023 -- início do governo Lula -- quando a moeda recuou 2,17%. Na terça-feira, a divisa havia terminado em 5,6665 reais, no maior valor de fechamento desde 10 de janeiro de 2022.

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Às 17h15, na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 1,96%, a 5,5855 reais na venda.

Desde 18 de junho -- um dia antes de o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidir manter a taxa Selic em 10,50% ao ano -- Lula vinha criticando quase que diariamente o nível dos juros, o mercado financeiro, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e as propostas de corte de gastos para ajuste fiscal.

Daquela data até terça-feira, Lula disparou suas críticas em 8 de 11 dias úteis, o que fez o dólar à vista sair de 5,42 reais para perto de 5,70 reais.

Nesta quarta-feira o presidente interrompeu as críticas e, em movimento contrário, afirmou que a responsabilidade fiscal é um compromisso de seu governo.

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"A gente vai ter uma política econômica sem causar sobressalto a ninguém, a gente vai ter uma política econômica que vai fazer esse país crescer, a gente vai continuar fazendo transferência de renda, e a gente ao mesmo tempo vai continuar com a responsabilidade que nós sempre tivemos", disse Lula em evento de lançamento do Plano Safra para a agricultura familiar, no Palácio do Planalto.

"Responsabilidade fiscal não é uma palavra, é um compromisso deste governo desde 2003, e a gente manterá ele à risca", acrescentou, sem fazer considerações sobre o BC, a política monetária ou o atual nível do câmbio.

Os comentários amenos do presidente, aliados à expectativa de que o governo possa de fato adotar medidas -- em especial na área fiscal -- para restaurar a confiança do mercado, fizeram o dólar despencar nesta quarta-feira.

Às 13h58, após Lula falar no Planalto, o dólar à vista atingiu a cotação mínima de 5,5407 reais (-2,22%).

"O movimento que vimos do dólar ontem (terça-feira) rompendo os 5,70 reais foi por conta de ruídos políticos. Hoje o governo tentou em alguma medida contornar a situação", comentou João Ferreira, sócio da One Investimentos.

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"O discurso do presidente Lula, de maior compromisso com a área fiscal, foi favorável tanto para o fechamento da curva de juros quanto para a queda expressiva do dólar", acrescentou.

Profissionais ouvidos pela Reuters nos últimos dias vinham pontuando que enquanto Lula mantivesse os ataques contra Campos Neto e a política monetária o dólar não encontraria espaço para ajustes de baixa. O alívio veio na sessão desta quarta.

Além disso, o mercado seguia à espera da reunião de Lula com os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, entre outros. Originalmente marcado para as 16h30, o encontro que tratará sobre câmbio foi adiado para as 18h.

Pela manhã, o Banco Central vendeu todos os 12 mil contratos de swap cambial tradicional em leilão para fins de rolagem do vencimento de 2 de setembro de 2024. Nenhuma operação extra foi anunciada pelo BC para esta quarta-feira, apesar dos rumores da véspera de que a instituição estaria consultando as tesourarias de bancos sobre o apetite por dólares.

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Após o evento da tarde no Planalto, Haddad disse a jornalistas que a diretoria do BC tem autonomia para atuar no câmbio como entender conveniente e que não há orientação contrária. Ele acrescentou que acredita que o dólar vá se acomodar, reforçando que a responsabilidade fiscal é um compromisso da vida pública de Lula.

O forte recuo do dólar ante o real nesta quarta-feira foi favorecido ainda pela baixa firme da moeda norte-americana no exterior, na esteira de dados abaixo do esperado da economia norte-americana e da divulgação da ata do último encontro de política monetária do Federal Reserve (Fed).

Às 17h14, o índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- caía 0,29%, a 105,360.

À tarde, sem efeitos sobre os preços, o BC informou que o Brasil registrou fluxo cambial total positivo de 5,795 bilhões de dólares em junho, resultado de saídas líquidas de 3,019 bilhões de dólares pelo canal financeiro e entradas de 8,813 bilhões de dólares pela via comercial.

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