Surgida da fusão da Lojas Americanas com a B2W, a Americanas S.A. entrou em crise profunda por causa de “inconsistências contábeis” da ordem de R$ 20 bilhões, anunciadas no último dia 11 de janeiro.
Investidores, gestores, analistas, contadores e auditores tentam entender qual o alcance do problema, enquanto lojistas e clientes se preocupam em como serão afetados pela crise.
Mas, e como fica o cliente? Ainda é seguro comprar nas Americanas? Nas redes sociais, muitos consumidores se perguntam se vão receber os produtos que compraram.
É hora de evitar comprar na Americanas?
Por enquanto, não é preciso evitar compras no site, disse o Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) ao UOL. “Mesmo que as Americanas entrem com pedido de recuperação judicial, a empresa precisa cumprir suas obrigações como varejista: entregar os itens no prazo definido, em boas condições e de acordo com o que foi anunciado”, disse David Douglas Guedes, advogado do Idec.
Do seu lado, o consumidor precisa guardar todas as comunicações (e-mails da empresa confirmando a compra) e se preciso até fazer capturas de tela registrando a compra.
“Neste momento de recuperação judicial, o que uma empresa mais precisa é respeitar o direito do consumidor. Tem que continuar a vender para ter um respiro e sair bem desse processo”, diz o advogado.
O que diz o Código de Defesa do Consumidor
Em compras feitas pela internet, o cliente tem até sete dias para desistir da compra, segundo o Código de Defesa do Consumidor. Isso não vale para compras feitas em uma loja física da empresa.
Caso a entrega do produto comprado atrase, o cliente deve antes de qualquer coisa tentar um contato amigável com a empresa. Depois disso, caso o problema não seja resolvido, a saída é registrar uma reclamação no Procon da sua cidade.
Entenda a origem do escândalo
Em setembro de 2022, a Americanas divulgou ter R$ 47 bilhões em ativos, mas o patrimônio líquido (PL) estava em R$ 14 bilhões. Um negativo de R$ 20 bilhões é mais do que suficiente para deixar o PL da empresa também negativo.
“Pelos próprios relatórios que a XP está enviando, eles colocaram os papéis (AMER3) sob revisão. Existia uma recomendação de compra, agora foi para revisão”, explica Paulo Cunha, especialista em mercado financeiro e CEO da iHUB Investimentos. “Muitos recomendavam compras das ações da empresa e ninguém esperava isso, vindo da Americanas. É válido lembrar que eles possuem os mesmos controladores da Ambev, então é um grupo muito bem visto no mercado, considerada uma empresa idônea e sólida.”
“O que está acontecendo hoje, não está afetando apenas as varejistas, bancos também estão sendo afetados, porque você não sabe se isso pode vir a gerar algum tipo de inadimplência, do lado dos bancos, e qual é o tamanho dessa exposição”, analisa Cunha.
A auditoria que aprovou tudo em 2021
Em 2021, a Americanas fez sua último auditoria completa com a PwC, que aprovou as demonstrações financeiras da companhia sem ressalvas.
“As demonstrações contábeis referidas apresentam adequadamente, em todos os aspectos relevantes, a posição patrimonial e financeira da Americanas S.A. e da Americanas S.A. e suas controladas em 31 de dezembro de 2021, o desempenho de suas operações e os seus respectivos fluxos de caixa consolidados”, diz o relatório da PwC de 24 de fevereiro de 2022.