Diante de novos dados fracos sobre a economia brasileira, a perspectiva de economistas de instituições financeiras para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) este ano foi reduzida mais uma vez, ao mesmo tempo em que a projeção para a taxa básica de juros em 2015 recuou.
Pesquisa Focus do Banco Central divulgada nesta segunda-feira mostrou que a expectativa para o crescimento econômico neste ano foi reduzida pela 12ª semana seguida, a apenas 0,79%, sobre 0,81% no levantamento passado. Em 2013, o PIB cresceu 2,5%.
O número vem junto com perspectiva de contração ainda mais forte para a indústria em 2014, de 1,76%, contra 1,53% antes. Já a mediana para o crescimento do PIB em 2015 foi mantida em 1,20%, mostrou ainda o Focus.
Especialmente no segundo trimestre, os dados de atividade no Brasil vieram ruins, alimentando as expectativas de o País ter entrado em recessão técnica - quando há contração por dois trimestres seguidos. No trimestre passado, as vendas do varejo e a produção industrial recuaram 0,6% e 2% sobre o primeiro trimestre.
Selic
O Focus mostrou também redução na perspectiva para a taxa básica de juros (Selic) no próximo ano, projetada agora em 11,75%, contra 12,00% na semana anterior. Os economistas mantiveram a projeção de que a Selic encerrará 2014 nos atuais 11%, e veem que o novo ciclo de aperto monetário começará em março, com alta de 0,50 ponto percentual, igual à pesquisa anterior.
O Top-5 de médio prazo, com as instituições que mais acertam as projeções, continua vendo a Selic a 11% neste ano e a 12% ao final de 2015.
A alta nos juros vem junto com o cenário de inflação elevada. Os agentes consultados no Focus reduziram levemente a projeção de alta do IPCA em 2014 a 6,25%, sobre 6,26%. Esse é o mesmo nível esperado para o ano que vem, sem alterações, mostrando que não há expectativa de arrefecimento dos preços.
O Focus mostrou ainda que os economistas veem a alta nos preços administrados de 5,05% neste ano, levemente abaixo dos 5,10% esperados até então. Para 2015, as contas continuaram em 7% de alta.
Após o IPCA ter ficado no limite do teto da meta em 12 meses até junho, as atenções voltam-se agora para os números de agosto do IPCA-15 que o IBGE divulga na quarta-feira. A meta do governo é de 4,5%, com margem de 2 pontos percentuais para mais ou menos.
Para os próximos 12 meses, houve ajuste de 0,02 ponto percentual para cima na alta do IPCA, a 6,21%.
O Top-5 de médio prazo vê que a inflação ficará em 6,32% em 2014, ante 6,33%, e fechará 2015 em 6,48%, inalterado sobre o levantamento anterior.