A projeção de economistas de instituições financeiras para a alta do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador oficial de inflação do País, neste ano se aproximou de 8% com o dólar a mais de R$ 3, enquanto a perspectiva de contração da economia piorou ainda mais depois de o Banco Central deixar de ver a inflação iniciando trajetória de queda em 2015.
A pesquisa Focus do BC divulgada nesta segunda-feira mostrou que a expectativa de alta do IPCA neste ano passou a 7,93%, contra 7,77% na semana anterior, na 11ª semana de piora da projeção.
Somente para os preços administrados a expectativa dos especialistas consultados é de avanço de 12%, 0,82 ponto percentual a mais do que antes.
Na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), o BC voltou a avaliar que a intensificação dos ajustes de preços relativos - realinhamento dos preços domésticos em relação aos internacionais e realinhamento dos preços administrados em relação aos livres - tornou o balanço de riscos para a inflação menos favorável, repetindo que os preços deverão continuar elevados este ano.
Além disso, retirou da avaliação o trecho que afirmava que a inflação, "ainda neste ano entra em longo período de declínio".
No Focus, a expectativa para o avanço do IPCA no final de 2016 foi a 5,60%, contra 5,51% na pesquisa anterior, com alta de 5,50% dos administrados, projeção inalterada.
A meta de inflação é de 4,5% com 2 pontos percentuais de tolerância para cima ou para baixo. No início de março, o Copom manteve o ritmo de aperto monetário, elevando a Selic em 0,50 ponto percentual, para 12,75% ao ano.
Em relação ao dólar, os economistas consultados passaram a ver a moeda norte-americana a R$ 3,06 neste ano, ante R$ 2,95 na semana anterior. Para 2016, a projeção é de R$ 3,11, ante R$ 3 antes.
Selic e PIB
Com o cenário de inflação em deterioração, os especialistas consultados no Focus continuam vendo a taxa básica de juros a 13% ao final de 2015, com mais uma alta de 0,25 ponto percentual na reunião de abril.
Para 2016, a mediana das projeções permaneceu em 11,50%.
Já o Top-5 de médio prazo, com os economistas que mais acertam as projeções, elevou a projeção para a Selic neste ano a 13,5%, contra 13% antes, mas manteve a perspectiva para 2016 em 11,50%.
Em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) em 2015, a pesquisa aponta projeção de contração de 0,78%, ante queda de 0,66% anteriormente.
Somente a produção industrial deve ter contração de 2,19% neste ano, ante queda de 1,38% prevista anteriormente.
Para 2016 a projeção é de expansão do PIB de 1,30%, 0,10 ponto percentual a menos do que no levantamento anterior.