O dólar subiu mais de 1 por cento ante o real nesta sexta-feira, primeiro pregão de 2015, após o Banco Central reduzir pela metade suas intervenções diárias no câmbio e acompanhando a valorização da divisa dos Estados Unidos no exterior.
A moeda norte-americana fechou em alta de 1,27 por cento, a 2,6925 reais na venda, após encerrar 2014 a 2,6587 reais, com valorização de quase 13 por cento, no quarto avanço anual consecutivo. Na máxima desta sessão, a divisa chegou a 2,7090 reais.
Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de 1,5 bilhão de dólares.
"A mudança no programa do BC deixa claro que, com o câmbio nesses níveis, ele não vai brigar para fazer o dólar cair", disse o superintendente de câmbio da corretora TOV, Reginaldo Siaca.
Na terça-feira, o BC anunciou que continuará intervindo no câmbio pelo menos até 31 de março, mas reduziu pela metade a oferta diária de swaps cambiais para 2 mil contratos, equivalentes a 100 milhões de dólares, ante oferta de 4 mil contratos no ano passado. A autoridade monetária também ressaltou que poderá "realizar operações adicionais de venda de dólares através dos instrumentos ao seu alcance".
Analistas do JPMorgan esperam que o dólar suba a 3 reais até dezembro deste ano, dado a redução da oferta diária de swaps e o compromisso firme do BC de manter as intervenções até o fim do primeiro trimestre, e não até o fim do primeiro semestre.
"Tomamos isso como um sinal sugerindo a intenção de eventualmente cessar a oferta diária de swaps", escreveram os analistas Diego Pereira, Cassiana Fernandes e Vinicius Moreira em relatório.
Nesta manhã, o BC vendeu a oferta diária de swaps no novo modelo de rações diárias. Foram vendidos 1,1 mil contratos para 1º de setembro e 900 para 1º de dezembro, com volume correspondente a 98 milhões de dólares.
O BC também vendeu a oferta integral de até 10 mil swaps para rolagem dos contratos que vencem em 2 de fevereiro, equivalentes a 10,405 bilhões de dólares. Com isso, a autoridade monetária rolou cerca de 5 por cento do lote total.
A apreciação do dólar ante o real nesta sessão veio também em sintonia com o fortalecimento da moeda norte-americana em outros mercados.
A perspectiva de que o Federal Reserve eleve os juros ainda neste ano tem elevado as cotações do dólar globalmente, embora o banco central norte-americano tenha prometido ser "paciente" ao fazê-lo. Nesta sexta-feira, a presidente do Fed de Cleveland, Loretta Mester, afirmou que poderia imaginar um aumento dos juros já no primeiro semestre.
"De um jeito ou de outro, todo mundo sabe que o caminho do dólar é para cima. A dúvida é quão rapidamente isso vai acontecer", disse o estrategista de uma corretora internacional.
Na Europa, a ansiedade com a política norte-americana somou-se à crescente expectativa de que o Banco Central Europeu (BCE) irá adotar novas medidas de estímulo, o que levou o euro à mínima em quatro anos e meio em relação à moeda norte-americana.