O ex-diretor financeiro do Itaú está sendo investigado por suspeita de desvio de R$ 4,86 milhões para contas próprias através de sociedade com fornecedor técnico-contábil do grupo.
Em comunicado à Comissão de Valores Imobiliários (CVM), o Itaú confirmou, na noite de terça-feira, 10, as notícias veiculadas esta semana de que o ex-diretor financeiro (CFO) Alexsandro Broedel Lopes estaria sendo investigado por conflito de interesses. Segundo o banco, há indícios de que R$ 4,86 milhões tenham sido desviados para contas de Broedel, por meio de intermediários.
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A instituição disse ter identificado que Broedel mantinha sociedade com um fornecedor técnico-contábil do Grupo Itaú Unibanco, sem que a companhia soubesse, violando o Código de Ética da empresa e caracterizando conflito de interesses.
Segundo as apurações internas, Broedel teria usado irregularmente as alçadas de seu cargo para aprovar contratações de pareceres e pagamentos para a empresa ligada ao fornecedor do qual era sócio.
As negociações chegaram ao número de R$ 13.255.000,00 entre 2019 e 2024. Nesse período, 40 pareceres foram contratados, mas somente 20 teriam sido entregues.
O Itaú complementou que pediu esclarecimentos ao ex-CFO e ao fornecedor durante as investigações, mas "não recebeu explicações que pudessem refutar a conclusão dessas apurações internas".
O caso foi levado pela companhia à Justiça e está tramitando na 34ª Vara Cível do Foro Central de São Paulo. Ainda assim, o Itaú disse considerar que a situação não se caracteriza como "fato relevante" e, por isso, não precisava ter sido divulgada pela empresa aos seus acionistas. Segundo o banco, o caso trata-se de um "ato isolado" e "sem impacto representativo nas atividades, nos resultados e no patrimônio da Companhia, representando uma perda indireta imaterial para o Itaú Unibanco".
O ex-CFO Alexsandro Broedel se manifestou em resposta ao jornal Estadão. Por meio de sua assessoria de imprensa, o executivo chamou as acusações de infundadas e disse que sempre atuou com ética e transparência ao longo dos 12 anos em que esteve no banco.
Em nota, ele menciona o parecerista Eliseu Martins, que é o citado no processo como sócio de Broedel favorecido pelos contratos. De acordo com a assessoria de Broedel, Martins "já prestava serviços ao banco há décadas, muito antes de Broedel ser convidado para a diretoria da instituição. Os serviços mencionados eram do conhecimento do Itaú e requeridos por diferentes áreas do banco."
A instituição em que Broedel trabalha atualmente é o Santander, como vice-presidente sênior.
Eliseu Martins não se manifestou sobre o caso.