O Brasil, que no ano passado se tornou o sexto maior fabricante de embalagens de papelão ondulado do mundo, deve alcançar neste ano nova marca de produção, impulsionada pelo crescimento da economia e de datas mais quentes de vendas, como a Black Friday e Natal. Formado por companhias de peso nacionais e estrangeiras, o setor tem maior robustez produtiva com vários programas de investimentos que começaram um ano antes da pandemia.
Desde 2019, os aportes em novas fábricas e em expansão das unidades instaladas somam R$ 17 bilhões, disse José Carlos da Fonseca Jr., presidente da Associação Brasileira de Embalagens em Papel (Empapel), em entrevista ao Estadão. "A nossa indústria deu um salto e superou a da Itália, um grande feito. À nossa frente estão China, EUA, Japão, Índia e Alemanha", destacou Fonseca, ex-embaixador do País.
As grandes fabricantes no Brasil, conforme ranking de 2023, com base em volume, são a brasileira Klabin, líder de mercado, seguida pela americana WestRock, por Trombini, Penha, a irlandesa Smurfit Kappa e Irani. A fusão das duas gigantes estrangeiras, que deu origem à Smurfit Westrock, só foi oficializada em julho deste ano, com a consolidação de ativos das duas companhias. Outra empresa de destaque dessa indústria é a Adami S/A, de Caçador (SC), que tem unidades de papel e embalagens, além de uma área madeireira.
Neste ano, informa a Empapel, as expedições de embalagens bateu recordes em três meses — julho, agosto e em outubro. No mês de outubro, atingiu 391,2 mil toneladas despachadas, com aumento de quase 9% na comparação com um ano atrás. "São resultados muito positivos. Geralmente, o desempenho é mais robusto no segundo semestre do ano. Eles retratam maior poder de compra das famílias, melhoria no nível de emprego, programas de transferência de renda para famílias mais vulneráveis", diz o executivo. Por isso, observa, o uso de mais de 62% das embalagem marrom na área de bens não duráveis (especialmente alimentos).
De janeiro a junho, o desempenho dos despacho havia surpreendido ao atingir alta de 5,4% no papelão ondulado, ante mesmo período de 2023. Já o papecartão, que não é ainda consolidado nos números da Empapel, registrou aumento de 11,1% nas vendas na mesma base de comparação, segundo a Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), entidade do setor de celulose e papel.
Na fabricação das embalagens marrons (caixas de papelão, acessórios e chapas de papelão ondulado) cerca de 70% da matéria-prima gerada e que entra no processo de produção é papel reciclado (aparas), numa combinação de material reciclado com fibra virgem (30%). Alguns tipos embalagens, por exemplo para alimentos que não podem ter contato, por norma técnica, têm de ser fabricados com 100% de fibra virgem de celulose.
O presidente executivo da Empapel destaca o papel da sustentabilidade na produção das embalagens, cuja matéria-prima vem de fontes renováveis. "Toda folha de papel é procedente de árvores plantadas, eucalipto e pinus, com certificação de entidades internacionais", diz o CEO, que assumiu o cargo em setembro de 2023.