O terceiro episódio da nova temporada do podcast EY Futuro aborda etarismo no mercado de trabalho. “Até 2030, o Brasil terá a quinta maior população idosa do mundo, o que vai impactar a sociedade e, por consequência, o mundo do trabalho. O contexto para o profissional mais velho não é animador. O etarismo, que é o preconceito contra pessoas mais velhas, presenciado no nosso dia a dia, está espelhado no mercado”, diz Oliver Kamakura, sócio de consultoria em gestão de pessoas da EY para o Brasil, que conversa no programa com Morris Litvak, CEO da Maturi.
EY e Maturi fizeram estudo recente para entender como as empresas estão se preparando para esse cenário e o que elas podem fazer para mudar a realidade de preconceito no ambiente de trabalho.
Oito em cada dez entrevistados disseram que suas empresas não têm políticas específicas para contratação de profissionais com 50 anos ou mais.
“Geralmente, vemos que a empresa faz contratações pontuais de profissionais dessa idade, sem que esteja preparada para isso, com o objetivo de dizer apenas que tem duas ou três vagas preenchidas por esses colaboradores. Há, ainda, aquelas que fazem uma palestra sobre etarismo na semana de diversidade, mas não dão continuidade com políticas efetivas de contratação e retenção. Ou seja, não se trata de algo cultural ou estratégico, e o assunto está longe de ser prioridade, com suporte da liderança”, destaca Litvak.
Uma dura realidade para quem precisa trabalhar
Ainda segundo o executivo da Maturi, a realidade é bem desanimadora para esses profissionais, que, como todos os outros, precisam trabalhar.
“Esse é um tema que interessa a todos nós, independentemente de raça, de credo, de gênero ou de classe social. Todos nós envelheceremos. Acredito que esse assunto seja relativamente novo no Brasil porque a mudança demográfica tem sido acelerada. Há, ainda, uma visão de que somos um país jovem. Não nos acostumamos com a realidade de envelhecimento. Por isso, o etarismo ainda não é olhado com a devida seriedade”, observa.
O estudo demonstra que, em termos de resultados, há muito a ganhar com profissionais experientes.
“As empresas com ações positivas de diversidade para profissionais de 50 anos ou mais atingiram em média aumento de até 19% nas suas receitas. E, na área de tecnologia, cujo predomínio é de jovens, os profissionais mais velhos, ainda segundo o levantamento, contribuem muito para o desenvolvimento de inovações e novos produtos porque, em comparação com os mais jovens, trazem uma visão mais estruturada e direcionada para a busca da solução”, afirma Kamakura.
A hora em que a idade começa a pesar
O problema identificado por uma série de pesquisas é que, a partir de certa idade, os colaboradores não são sequer convidados pelas empresas para participar de treinamentos.
“A consequência é que eles acabam ficando defasados e saindo da organização, sem que isso seja culpa deles. A empresa não está olhando para o lifelong learning. Esse e outros aspectos devem ser considerados para que a integração e retenção dos profissionais mais velhos sejam bem-sucedidas”, finaliza Litvak.
Fonte: Agência EY