O presidente da Enel São Paulo disse nesta terça-feira que é "impossível" prever se o fornecimento de energia elétrica será totalmente restabelecido aos consumidores até o fim desta terça-feira, conforme a previsão dada inicialmente, ainda que as mais de mil equipes da empresa em campo sigam com esforços para recuperar os serviços.
Em entrevista à GloboNews, Max Xavier Lins afirmou nesta terça-feira que 141 mil unidades consumidoras atendidas pela Enel na capital paulista e região metropolitana ainda estavam sem energia, sendo que 47 mil são de notificações de problemas que surgiram ainda na sexta-feira, em meio à tempestade que derrubou árvores e afetou a fiação.
"Evidentemente, é impossível você prever uma restauração de uma rede... Ainda hoje pela manhã existiam 44 árvores de grande porte sobre a rede elétrica, estamos com um trabalho muito forte com a ajuda da Prefeitura de São Paulo", disse o executivo.
"Nós pretendemos resolver, equacionar isso, recuperar o serviço dessas 47 mil unidades consumidoras até o final do dia de hoje", acrescentou.
O apagão que chegou a deixar no escuro 4 milhões de endereços do Estado de São Paulo, após fortes chuvas e ventos de mais de 100 km/h, será tratado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) como um evento crítico, com fiscalização especial e esforços rápidos para ressarcimento aos consumidores, que já buscam reparação de perdas em órgãos como Procon.
Segundo o presidente da concessionária, a regulamentação do setor elétrico já prevê ressarcimento a consumidores por indisponibilidade da energia e por danos a equipamentos elétricos em eventos como esse.
Adicionalmente, as distribuidoras de energia paulistas e as autoridades estão discutindo uma forma de "flexibilizar" as regras para "avançar um pouco" na abrangência dos ressarcimentos, disse o executivo.
Em relação à possibilidade de enterramento da rede elétrica, ele afirmou que isso já estava sendo estudado pela Enel junto à prefeitura de São Paulo para localidades específicas, e reiterou que o principal impeditivo para expandir o projeto seriam os custos elevados.
"O desafio (enterramento da rede) é como fazer isso com confiabilidade e qualidade compatível com as demandas da sociedade sem impactar (os consumidores) a baixa renda".
Ainda nesta terça-feira, em reunião da Aneel, o diretor-geral da agência reguladora, Sandoval Feitosa, afirmou que a "nova realidade climática" impõe desafios ao regulador e ao setor elétrico, recordando outros eventos extremos ocorridos neste ano, como o ciclone no Sul, que também afetaram a prestação dos serviços de energia.
"As redes de distribuição não foram projetadas para ventos acima de 80 km/h, há necessidade de protocolos, planos de contingência para que as empresas estejam preparadas para eventos dessa magnitude", explicou Feitosa.
O diretor-geral da Aneel ressaltou ainda que a agência está acompanhando de perto os trabalhos de recomposição de energia em São Paulo e que já foi solicitada a abertura de um processo formal de fiscalização da atuação das distribuidoras.
"A orientação dada pela diretoria da Aneel é que haja uma apuração rigorosa de todas as responsabilidades desse evento... Nos últimos cinco anos, foram instaurados 17 processos de fiscalização nas concessionárias do Estado de São Paulo, sendo aplicadas penalidades de 211 milhões de reais", observou.