A força do empreendedorismo no país e seu papel na geração de renda dos brasileiros é incontestável. Apenas em 2021, foram abertas cerca de 800 mil empresas de diversos portes, de um total de mais de 4 milhões (que incluem os microempreendedores individuais), em muitos casos como alternativa à falta de oportunidades de emprego ou como forma de melhorar a renda, e em outros, como projeto de vida, para colocar um sonho em pé, ou como um plano complementar ou alternativo.
Seja qual for o motivo, a área de atividade ou o porte da empresa, há um desafio comum com o qual todo empreendedor se depara: como garantir a sobrevivência do seu negócio, dar longevidade a ele e fazer com que seja lucrativo e bem-sucedido.
E são inúmeros os obstáculos no caminho do empreendedor, decorrentes não só do cenário interno, mas também do mercado internacional. A instabilidade do consumo, a alta acelerada dos preços e a carga tributária elevada e complexa são apenas os mais alardeados, fazendo com que muitas empresas não consigam levar o negócio adiante.
Entre aquelas que iniciam atividades, quase 30% fecham no primeiro ano; 20%, no segundo, e cerca de 70% desaparecem em cinco anos, conforme dados do Sebrae. O segmento das empresas optantes pelo Simples Nacional – elas somam cerca de 5 milhões e são as que provavelmente mais empregam– é o que mais dificuldades enfrenta e precisa se preparar para assegurar uma boa gestão do negócio.
O que é uma boa administração?
São muitos os aspectos que demandam uma boa administração. E aí temos o papel dos sócios na gestão, a velocidade na entrega do produto como fator que pode ampliar o lucro, a necessidade de se ter um planejamento do negócio e um orçamento, além do gerenciamento do fluxo de caixa e a gestão de pessoas, incluindo o modelo home office.
São aspectos que impactam qualquer que seja o tamanho da empresa, fature ela R$ 1 milhão ou R$ 100 milhões, seja ela uma rede de lojas ou um escritório de advocacia, uma empresa de tecnologia ou um salão de cabeleireiro, uma revendedora de automóveis ou um restaurante.
Os conceitos básicos sobre gestão aplicam-se a qualquer tipo de companhia, o que muda é apenas a complexidade, dependendo do tamanho e da atividade de cada uma, sendo que as pequenas são mais leves e flexíveis, portanto, mais fáceis de mudar de rumo.
Contudo, há pontos fundamentais a todas, e que devem ser observados pelos empreendedores: ter uma equipe de primeira linha e sócios comprometidos com o negócio e sua perpetuação; manter o olho no cliente e atenção à gestão financeira; investir em tecnologia, inovação na forma de operar e na qualidade do produto a ser entregue, dos serviços ou dos manufaturados, além de dar atenção especial às pessoas, o mais valioso ativo da empresa.
A hora de fazer a “conta da padaria”
Mas como gerenciar tantos aspectos? O planejamento é fundamental, tenha o formato de um business plan ou até o caráter mais informal de uma “conta de padaria”, desde que se faça o cálculo de quanto o negócio pode render efetivamente, descontadas todas as despesas e considerando quanto é preciso vender a cada mês, ou mesmo por dia, para que as despesas sejam pagas e haja algum lucro.
São muitos os casos de empreendedores que decidem abrir um negócio imaginando que ele se pagará, mas sem fazer a conta de quantos clientes deverão ser atendidos ou quantos produtos terão que vender para que a conta feche no final do mês com o lucro desejado.
São vários os casos de empresas que só se mantiveram em atividade por poucos meses, por falta de um planejamento e ou mesmo por não terem feito a tal “conta de padaria”.
Mesmo quando os negócios parecem bem, é preciso pensar em mudanças. Por isso, não é exagero dizer que o negócio deve ser repensado a cada três anos, inclusive avaliando-se a possibilidade de começar do zero, de achar novos caminhos para a empresa se manter ativa, rentável e valorizada. Isto pode exigir que se repense o business plan, os produtos, a visão de futuro, a relação com consumidores ou clientes e, também, o relacionamento com os funcionários.
Então, se você é um empreendedor ou pensa em abrir seu próprio negócio, não esqueça: desenvolver uma gestão adequada pode ser a diferença entre o sucesso ou o fracasso.
(*) Antonio Lino Pinto é consultor, administrador e sócio da Viramundo Consultoria em Gestão, e autor do livro “Gestão para Empreendedores”.