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Entenda por que bitcoin e outras criptomoedas dispararam com vitória de Trump

Donald Trump mudou de opinião e prometeu favorecer a indústria de criptomoedas em seu novo mandato.

6 nov 2024 - 11h29
(atualizado às 12h00)
Trump fez diversas declarações em favor de bitcoins na campanha
Trump fez diversas declarações em favor de bitcoins na campanha
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

A vitória de Donald Trump na eleição americana de 2024 nesta quarta-feira (6/11) provocou preços recordes na cotação das criptomoedas.

Nas primeiras horas de quarta-feira, o bitcoin atingiu cotação acima de US$ 75,2 mil — a maior de sua história. No dia anterior, quando os americanos ainda iam às urnas, a moeda começou o dia a US$ 67,8 mil. Foi um salto de mais de 10% em menos de 24 horas.

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O bitcoin esteve acima dos US$ 70 mil apenas em algumas poucas ocasiões esse ano.

Pelas cotações atuais, um bitcoin vale hoje mais de R$ 442 mil. No começo do ano, a moeda estava cotada a R$ 214 mil.

O efeito também é observado em outras criptomoedas. O ethereum, que é a segunda maior criptomoeda no mercado atrás do bitcoin, está cotado a mais de US$ 2,6 mil — que não é seu recorde neste ano, mas é um salto de quase 10% em apenas um dia, depois que os resultados eleitorais americanos começaram a indicar vitória de Trump.

O que está acontecendo com as criptomoedas?

Criptomoedas, como o bitcoin, funcionam como moedas alternativas a moedas "físicas" como o dólar e o real.

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Elas não são impressas por governos ou bancos tradicionais, mas criadas por um processo computacional complexo conhecido como "mining" (mineração).

Entusiastas das criptomoedas dizem que elas podem vir a se tornar o futuro das transações monetárias — pois utilizam um mecanismo chamado blockchain que impede, em tese, que a moeda seja manipulada por governos.

As moedas tradicionais são diretamente influenciadas pelas políticas monetárias dos governos e dos bancos centrais.

Críticos das criptomoedas dizem que elas não são tão transparentes assim — e que são usadas em diversas transações para evitar o controle de autoridades tributárias.

Outros acreditam que elas se tornaram apenas meros meios de especulação — já que muitas pessoas compram e vendem criptomoedas apenas para aproveitar as ondas de supervalorização.

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No passado, muitos grandes bancos do mundo criticaram as criptomoedas por isso — mas desde então algumas dessas mesmas instituições passaram a oferecer a criptomoeda em seus portfólios.

Moedas como bitcoin e ethereum fazem parte hoje de diversos fundos negociados em bolsas.

O futuro das criptomoedas esteve ameaçado em 2022, quando uma das maiores plataformas de negociação dos ativos — a FTX Exchange — decretou falência.

O fundador da plataforma, Sam Bankman-Fried, foi condenado a 25 anos de prisão por fraudar e roubar clientes e investidores.

Mas desde então diversas instituições financeiras abraçaram as criptomoedas — como JP Morgan, Citigroup, Visa e Mastercard— e o bitcoin voltou a subir.

Por que bitcoins sobem com vitória de Trump?

Durante a campanha eleitoral, Trump prometeu fazer dos EUA a "capital mundial do bitcoin e da criptomoeda".

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No passado, Trump chegou a se manifestar contra criptomoedas, mas em junho deste ano ele se reuniu em Palm Beach com líderes dessa indústria e mudou de opinião.

"Eu não sou fã de bitcoin ou outras criptomoedas, que não são dinheiro, e cujo valor é altamente volátil, baseado em nada mais que ar", disse Trump em 2019.

Depois do encontro em junho, ele falou em "construir um exército de cripto" para ajudar a financiar sua campanha eleitoral. E prometeu não criar um banco central para regular criptomoedas — que é um dos maiores temores da indústria.

A abordagem do republicano contrasta fortemente com a do governo do presidente Joe Biden, que liderou uma forte repressão às empresas de criptomoedas nos últimos anos.

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Trump disse em agosto que "no primeiro dia no governo" demitiria Gary Gensler, presidente da SEC - Security and Exchange Comission (equivalente à Comissão de Valores Mobiliários nos EUA), que é considerado um inimigo pelos entusiastas das moedas digitais.

Sob Gensler, a comissão introduziu novas regras para a indústria. Além disso, ele moveu mais de 100 processos contra empresas de criptomoedas.

No entanto, Trump não tem o poder para demitir Gensler. O presidente da SEC é eleito pelo voto dos cinco membros do board da comissão. Estes sim, são nomeados pelo presidente em exercício para um mandato de 5 anos. Gensler foi escolhido em fevereiro de 2021.

Trump também prometeu criar um "conselho consultivo presidencial de bitcoin e cripto".

"As regras serão escritas por pessoas que amam a sua indústria, não odeiam sua indústria", disse Trump.

O presidente eleito também prometeu durante sua campanha que vai manter ativos do governo em bitcoins.

Em julho, o então candidato fez um discurso no qual disse que "por muito tempo nosso governo violou a regra fundamental que todo bitcoiner sabe de cor: nunca venda seu bitcoin".

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Trump disse que os EUA vão manter seu nível atual de participações em bitcoin. O governo tem bitcoins por causa da apreensão de ativos de criminosos financeiros.

Os EUA e outros países, como a Alemanha, costumam leiloar parte desses bitcoins apreendidos. Alguns leilões promovidos pelos governos fizeram o preço do bitcoin cair.

"Se eu for eleito, será política da minha administração, os EUA manterem 100% de todo o bitcoin que o governo dos EUA detém atualmente ou adquire no futuro."

Além disso, o presidente eleito tem se cercado por pessoas que são entusiastas de croptomoedas.

Trump disse que planeja colocar o bilionário Elon Musk em cargo de uma auditoria sobre desperdícios do governo.

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Musk é um defensor das criptomoedas de longa data e sua empresa Tesla investiu US$ 1,5 bilhão em bitcoin em 2021.

As ações da Tesla listadas em Frankfurt subiram mais de 14% na abertura na quarta-feira (6/11). Musk, que é o principal acionista da Tesla, apoiou Trump durante toda a sua campanha eleitoral.

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