Brasil e Índia devem assinar um memorando de entendimento a respeito de produção e comércio de etanol quando os líderes dos dois países se reunirem em Brasília no final deste ano, disse nesta terça-feira a União dos Produtores de Bioenergia (Udop).
De acordo com a Udop, a sugestão sobre uma parceria em etanol partiu do governo indiano, que possui uma meta de ampliar gradualmente a mistura de etanol em sua gasolina para até 20%.
O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, que foi reeleito em maio, fará uma visita oficial ao presidente Jair Bolsonaro em novembro.
Bolsonaro publicou mensagens no Twitter parabenizando Modi e expressando intenções de ampliar os laços com a Índia, particularmente no comércio. Em seguida, os dois líderes se encontraram durante a cúpula do G20, realizada na cidade japonesa de Osaka no fim de junho.
A Udop afirmou, citando informações do departamento de Energia do Ministério das Relações Exteriores, que o governo Bolsonaro pretende ajudar a Índia a ampliar a produção de etanol e abrir o mercado indiano para o biocombustível, ajudando a expandir o uso global do etanol.
O Brasil é o segundo maior produtor de etanol do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. O uso do etanol em larga escala ocorre, basicamente, apenas nesses dois países, apesar dos esforços passados para que o biocombustível se tornasse uma commodity comercializada internacionalmente.
Apesar do tom positivo para a reunião de novembro, o Brasil apresentou à Organização Mundial do Comércio (OMC) um pedido de estabelecimento de um painel a respeito dos subsídios da Índia para as exportações de açúcar.
A Índia ultrapassou o Brasil e se tornou a maior produtora de açúcar do mundo, à medida que fornece ajuda aos produtores de cana e às usinas de açúcar, um estímulo que está dificultando uma possível recuperação dos preços no deprimido mercado global do adoçante.
A Índia vem fornecendo às usinas subsídios de transporte que vão de cerca de mil rúpias (14,59 dólares) por tonelada a 3 mil rúpias por tonelada, dependendo da distância aos portos. O governo também elevou a quantia que paga diretamente aos produtores de cana para 138 rúpias por tonelada, ante assistência de 55 rúpias há um ano.
Conforme informou a Reuters na segunda-feira, a Índia não possui a intenção de interromper os subsídios.
Um maior uso de cana para a produção de etanol em vez de açúcar na Índia, entretanto, poderia reduzir a oferta global do adoçante, a exemplo do que o Brasil vem fazendo pelas duas últimas temporadas, com a alocação da cana para o açúcar atingindo uma mínima recorde de 35% em 2018/19.