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Expectativa por medidas fiscais faz taxas longas de juros caírem após picos com vitória de Trump

6 nov 2024 - 17h08

Após forte alta pela manhã em reação à vitória de Donald Trump na eleição dos EUA, as taxas dos DIs de longo prazo viraram no Brasil e fecharam a quarta-feira em baixa, em meio à avaliação de que agora o governo Lula será obrigado a anunciar medidas efetivas de contenção de gastos.

A leitura de investidores é de que, com Trump na Casa Branca, o mundo entrará em um período de dólar e juros mais altos, restando ao Brasil fazer o "dever de casa" na área fiscal para reduzir a pressão. Entre os contratos de curto prazo, as taxas futuras ainda terminaram o dia em alta, com investidores prevendo uma Selic mais elevada para conter a inflação.

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No fim da tarde a taxa do DI para janeiro de 2025 -- que reflete as apostas para a Selic no curtíssimo prazo -- estava em 11,356%, ante 11,342% do ajuste anterior. Já a taxa do contrato para janeiro de 2026 marcava 12,935%, em alta de 9 pontos-base ante 12,844% do ajuste.

Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 12,87%, em queda de 5 pontos-base ante 12,975% do ajuste anterior, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 12,78%, em baixa de 5 pontos-base ante 12,827%.

O início do dia foi de forte pressão de alta para o dólar e para as taxas futuras no Brasil, com alguns vencimentos registrando ganhos de 25 pontos-base, acompanhando a disparada dos rendimentos dos Treasuries após Trump vencer a disputa presidencial nos EUA.

O movimento nos mercados do Brasil e dos EUA ocorria em meio à percepção de que várias políticas de Trump serão inflacionárias, entre elas a alta de tarifas de importação, o bloqueio a imigrantes e a redução de impostos, o que exige juros mais elevados.

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No auge do estresse, às 9h05, a taxa do DI para janeiro de 2027 -- um dos mais líquidos -- atingiu o pico de 13,22%, em alta de 25 pontos-base ante o ajuste da véspera.

Mas ao longo da manhã as taxas desaceleraram no Brasil, com investidores colocando suas fichas no pacote de contenção de gastos a ser anunciado pelo governo ainda esta semana. No início da tarde as taxas de alguns vértices longos já oscilavam no território negativo.

"A reação moderada no mercado doméstico à vitória de Trump se deve à expectativa com o fiscal", comentou no início da tarde Marcelo Fonseca, economista-chefe da Reag Investimentos.

Profissionais ouvidos pela Reuters avaliaram que a vitória de Trump elevou a necessidade de o governo anunciar medidas convincentes de cortes de gastos o quanto antes.

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Em Brasília, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou durante a manhã que a rodada de reuniões entre ministros para tratar das medidas fiscais está concluída. O comentário ajudou a desacelerar o dólar e as taxas dos DIs, embora Haddad não tenha dado pistas sobre o que será feito.

"O movimento (de alta) está coerente com o discurso protecionista de Trump, de tarifas mais altas e redução de impostos. O cenário é de juros mais altos e dólar mais forte no longo prazo", comentou pela manhã o economista-chefe do banco Bmg, Flavio Serrano.

"Mas no Brasil houve muito mais uma alta por conta do fiscal distorcido, que levou os juros a níveis mais altos e deixou o dólar mais forte. Na teoria, com o fiscal acertado no Brasil, seria possível corrigir a alta que vimos nos últimos meses", acrescentou Serrano.

Durante a tarde a expectativa por medidas concretas na área fiscal fez as taxas cederem mais de 10 pontos-base em alguns vencimentos. Às 15h13, a taxa do DI para janeiro de 2033 atingiu a mínima de 12,69%, em queda de 14 pontos-base ante o ajuste anterior.

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Isso ocorria a despeito de, no exterior, os rendimentos dos Treasuries de 10 e 30 anos sustentarem ganhos superiores a 15 pontos-base.

As taxas curtas da curva brasileira, no entanto, seguiram em alta até o fim do dia, precificando aumentos da Selic nos próximos meses em movimento do Banco Central para segurar a inflação.

Profissionais ouvidos pela Reuters ponderaram que nada mudou para a decisão da noite desta quarta-feira, na qual o BC deve elevar a Selic em 50 pontos-base. Porém, a vitória de Trump pode alterar o debate à frente sobre a Selic.

"Como ainda há muita lição de casa para o Brasil fazer em termos de ancoragem de expectativas, após os 50 o mercado vai testar os 75 (pontos-base) para a Selic na próxima reunião", avaliou o economista-chefe da gestora Nomad, Danilo Igliori.

Perto do fechamento a curva precificava 97% de probabilidade de alta de 50 pontos-base da Selic nesta quarta, contra 3% de chance de elevação de 75 pontos-base. Na terça-feira os percentuais eram de 96% e 4%, respectivamente. Atualmente a Selic está em 10,75% ao ano.

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Às 16h42 o rendimento do Treasury de dez anos -- referência global para decisões de investimento -- subia 14 pontos-base, a 4,43%.

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