O faturamento do setor de mineração do Brasil deverá crescer com preços melhores dos principais produtos extraídos do país, como minério de ferro, ouro e cobre, disseram dirigentes do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), durante teleconferência com jornalistas nesta terça-feira.
O aumento no faturamento pode ocorrer apesar de restrições para a produção de minério de ferro, principal produto mineral do país, seja por impacto da pandemia nas empresas, o que reduz o efetivo de trabalhadores, ou por dificuldades para retomar minas paralisadas, como é o caso da Vale.
"Não devemos esperar acréscimo muito grande (no faturamento) ante o ano passado, mas não há perspectiva de que os preços vão ceder... a China está consumindo muito, não acredito em queda brusca no preços... Não dá pra imaginar que será menor (o faturamento) que em 2019", disse o presidente do conselho deliberativo do Ibram, Wilson Brumer.
Ele não forneceu previsões numéricas. No ano passado, o setor de mineração do Brasil faturou 153,4 bilhões de reais.
"Os preços estão em níveis bastante expressivos, principalmente se considerarmos que há países em que a produção de aço ainda não retornou", disse ele. "Hoje ainda estamos muito concentrados na Ásia", completou, referindo-se ao minério de ferro.
O preço do minério de ferro para entrega na China está sendo negociado acima de 110 dólares, próximo dos maiores níveis em quase um ano.
O diretor presidente do Ibram, Flávio Ottoni Penido, indicou que as perspectivas do setor são mais favoráveis para o ano que vem, na medida em que a Vale poderá ter maior produção, com o retorno de algumas unidades.
Além disso, ele disse que a mineradora Samarco, uma joint venture da Vale com a BHP, deverá retomar em 2021, e produzir pelotas, um produto de maior valor agregado.
Segundo o instituto, o faturamento do setor de mineração do Brasil atingiu 39,2 bilhões de reais no segundo trimestre, alta de 9% ante os três primeiros meses do ano.
As produtoras de minério de ferro do Brasil, incluindo a Vale, responderam por 59,3% da receita total do setor de mineração do país no segundo trimestre, com 23,3 bilhões de reais, segundo o Ibram, que representa as mineradoras.
A indústria do ouro está na segunda posição entre os setores que mais faturam no Brasil, com 5,4 bilhões de reais no segundo trimestre. O setor de cobre faturou cerca de 3 bilhões de reais no período, seguido por alumínio com 1,3 bilhão de reais.
A participação do setor mineral no PIB do Brasil é de aproximadamente 4%.