Os meses de novembro e dezembro são muito esperados pelos brasileiros, devido à expectativa pelo 13º salário. O benefício é considerado um pagamento adicional, previsto na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), e costuma tirar os trabalhadores do sufoco que o salário habitual não dá conta.
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Mas muita gente não pode esperar por esse finalzinho de ano e acaba pedindo a antecipação. Festas de final de ano, viagens, imprevistos financeiros e dívidas são algumas das principais razões pelas quais os trabalhadores preferem antecipar o benefício.
Será que é uma boa ideia?
"A primeira coisa é avaliar quais são os seus gastos futuros e qual é o juros que você vai pagar nessa operação. Muitas vezes, na ansiedade, no desespero de se livrar daquela dívida, as pessoas aceitam qualquer oferta", explica Marina Farias, especialista do Me Poupe!.
Existem duas modalidades para pedir a antecipação. A primeira delas é diretamente com o empregador, e tem como vantagem não pagar juros. Já a segunda opção é ir atrás das instituições financeiras, que cobram juros próximos a 3%, mas com a segurança do vínculo empregatício ativo do cliente.
Foi através de um pedido a um banco comercial que a vigilante Márcia Regina Corrêa, de 42 anos, se tornou dependente do empréstimo. "Eu me arrependi. Realmente me trouxe complicações, como precisar do saque do FGTS e não conseguir o acesso. Este ano já saquei de novo e se tornou uma bola de neve", desabafa.
Para Marina, o jeito é aproveitar a oportunidade do saque antecipado para não cair mais em ciladas. "Se precisar antecipar, vamos analisar a taxa, o risco, mas também o motivo pelo qual eu estou precisando, para conseguir fazer diferente em 2025 e investir esse dinheiro", sugere.
Planejar o 13º salário
Esse planejamento pode começar justamente na hora de calcular o 13º salário. A regra é simples: multiplicar o salário anual (bruto) por 12, multiplicar pelo número de meses trabalhados, junto com horas extras e outros adicionais, como comissões. Mas, para ajudar na matemática, as próprias instituições financeiras possuem ferramentas para calcular o valor, mais os juros.
A planejadora Lai Santiago faz um alerta para o comportamento neste final de ano, influenciado por fatores da psicologia financeira.
"É muito comum que, nesses períodos, a gente se sinta mais otimista e fazemos uma avaliação muito mais positiva e pouco realista da própria realidade financeira. Essa sensação, esse excesso de confiança, faz com que ignoremos o real impacto daquela tomada de decisão", observa.
Também é uma época em que imprevistos acontecem, como é o caso da servidora Renata Ferro, de 50 anos, que recorreu para o empréstimo quando a cachorrinha da família ficou doente.
"No momento foi positivo, atendeu aquilo que eu precisava no momento. Mas na época do pagamento do 13º mesmo, fiquei chateada, porque já não tinha nada pra receber", lamenta.
Vale lembrar que só tem direito ao 13º salário quem trabalha com carteira assinada. Aposentados que recebem do INSS, apesar de terem direito ao benefício, não recebem a segunda parcela.
Daniela Pederneiras, CEO da Double Check Consultoria, deixa claro quem não deve pedir o adiantamento.
"Se a pessoa não precisa antecipar, não tem porque pegar, pra não correr o risco de ficar no vermelho", afirma.
O pagamento da primeira parcela pode ser depositado pelo empregador até o dia 30 de novembro, sem descontos. Já a segunda parcela, com a dedução do Imposto de Renda (IR) e INSS, deve ser paga até 20 de dezembro.