De uns tempos para cá, se tornou comum ver o termo milionário ou bilionário "self-made". Traduzindo, refere-se àquelas pessoas que fizeram suas próprias fortunas do zero, sem herança familiar. Nos Estados Unidos, um estudo feito pela consultoria Ramsey Solutions mostra que 79% dos americanos ricos são self-made.
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Mas, para chegar lá, é preciso disciplina e equilíbrio. Se cercar de pessoas que queiram crescer financeiramente, não deixar o trabalho consumir toda sua vida e investir em si mesmo são algumas das dicas dadas por milionários.
"Criar riqueza nem sempre significa que você deve abrir mão do que traz felicidade à sua vida. Envolve tomar decisões sábias e encontrar um equilíbrio entre objetivos financeiros e prazeres pessoais. Aprenda sobre dinheiro, crie renda passiva, seja flexível com seu orçamento, gaste com sabedoria, invista no autocrescimento, equilibre bem trabalho e vida e encontre mentores", diz Noah Lydiard, CEO da Conductor, em entrevista ao braço norte-americano do portal Yahoo Finanças.
No Brasil, os milionários parecem estar alinhados com o pensamento de Noah. Ao Terra, a planejadora financeira Nayra Sombra, sócia da HCI Invest, traça um pouco do perfil de seus clientes, que precisam investir no mínimo R$ 300 mil apenas com o seu escritório.
Em patrimônio, os clientes possuem muito além disso. Mas, ainda assim, Nayra percebe a existência de dois perfis: os recém-chegados, com pouca educação financeira, e os experientes, mais cautelosos com seus investimentos.
"A gente tem clientes que têm um perfil mais alto, acima de R$ 1 milhão, de R$ 2 milhões. Esse cliente já está consolidado, então, geralmente ele tem em torno de 50 anos, esse foi o patrimônio que ele juntou uma vida inteira, e aí a gente já está pensando um pouco mais em sucessão", conta.
"Ele chegou nesse patamar de vida, através de uma disciplina financeira, que a gente tenta colocar em quem está entrando. E ele é muito mais criterioso na escolha dos ativos.. Ele quer saber os detalhes específicos e o risco que ele corre em cada ativo, para entender se faz sentido para ele entrar ou não, apesar da rentabilidade", complementa Nayra.
Com 12 anos de experiência no mercado financeiro, ela lista o passo a passo para quem quer crescer financeiramente.
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Monte seu fluxo de caixa
Não tem jeito, o básico do básico é saber quanto entra e quanto sai de sua conta bancária todo mês.
"Precisa anotar no papel quanto que ganha líquido, ou seja, quanto que cai realmente na corrente, e quanto que gasta", afirma Nayra.
Para ter uma noção real de renda, a planejadora sugere fazer uma média com os últimos três meses. Para isso, é preciso considerar também os gastos eventuais, mas obrigatórios, como IPVA e material escolar.
"Tem que entrar na conta, aí você pode pegar e dividir por 12 o valor para ter uma ideia de quanto você gasta", diz.
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Está sobrando ou faltando?
Tendo em mãos o seu fluxo de caixa, é possível saber de onde cortar despesas. Em caso de sobra, a planejadora financeira pede para que analise quantos por cento desse valor pode ser poupado e, quem sabe, investido.
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Monte uma reserva de emergência
Antes de pensar em investir para empreender ou ter uma fonte extra de renda, é imprescindível montar uma reserva de emergência, diz Nayra. A consultora sugere que essa reserva considere seis meses de despesas fixas, para que em situações de aperto ou desemprego a pessoa possa se recuperar com tranquilidade.
"Depois que eu cheguei nesse valor, aí é que eu vou pensar em outros objetivos", afirma.
Mas a própria reserva de emergência pode ser montada através de investimentos em renda fixa com liquidez diária.
"O que a gente indica é o CDB com liquidez diária, que paga pelo menos 100% do CDI, ou o Tesouro Direto Selic, ou algum fundo de renda fixa, mas sem crédito privado, sem dívidas de empresa, porque ele vai oscilar menos. Além disso, fugir da poupança, porque, se a gente fez a conta de rentabilidade, a poupança não paga a inflação. Então, ela não mantém o nosso poder de compra", resume Nayra.
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É preciso pagar tudo à vista?
Para crescer financeiramente, é importante fugir de dívidas. Mas isso não significa abandonar o cartão de crédito. Na verdade, ele pode ser uma ferramenta aliada, caso a pessoa tenha controle sobre seus gastos.
"Se você não tem um fluxo financeiro bem definido, se você gasta por impulso, é melhor ter só o cartão de débito. Se você tiver o dinheiro ali na conta, você compra; se não, você não compra, não vai passar o seu cartão", afirma Nayra Sombra.
Mas, para aqueles que fizeram a primeira lição, o cartão de crédito pode ser uma fonte de benefícios, como programas de pontuação, milhas e cashback.
"Só que para isso a gente tem que ter educação financeira, e não acreditar que o valor que você tem de limite no cartão de crédito é uma soma do seu salário", complementa a planejadora financeira.
Nayra também acrescenta que, caso não consiga pagar o cartão de crédito, não opte por pagar o mínimo da fatura, mas busque outra forma de crédito no mercado.
"Procure o seu gerente de banco, pegue um empréstimo pessoal, algum outro tipo de empréstimo mais barato, empréstimo consignado, se você conseguir pela sua empresa, para pagar o cartão. Os juros do cartão é o pior que tem", acrescenta.