A presidente Dilma Rousseff deve ter dado um suspiro de alívio quando o relógio bateu meia-noite na véspera do Ano Novo e o ano de 2013 – um ano para esquecer – ficou para traz, de acordo com informações do blog BeyondBrics, do jornal britânico Financial Times, publicadas na quinta-feira. Conforme a publicação, os protestos que atingiram o País no meio do ano, os maiores em 20 anos, colocaram em risco as chances de reeleição da presidente.
Além disso, o colapso do empresário mais famoso do País, Eike Batista, que perdeu bilhões antes de pedir recuperação judicial e deu o maior calote da América Latina, também não ajudou no ano de Dilma. Para piorar, o mercado de ações do Brasil registrou a pior perda anual entre os 20 maiores índices de ações do mundo. Mas enquanto 2013 pode ter acabado, as más notícias devem continuar também em 2014.
Dados da quinta-feira mostraram que 2013 foi o ano em que o Brasil registrou seu pior saldo da balança comercial desde 2000. O País registrou um superávit comercial de apenas US$ 2,56 bilhões no ano passado, 0,1% do Produto Interno Bruto (PIB) estimado, abaixo dos US$ 19,4 bilhões em 2012 (0,9% do PIB). Isso ocorreu principalmente pelo recorde de US$ 240 bilhões das importações ( 6,5% a mais em relação ao ano passado) - grande parte pela gasolina que a Petrobras importou e teve que vender a um preço mais baixo no mercado nacional. As exportações caíram 1%, para US$ 242 bilhões, enquanto o Brasil lutava para competir no cenário global mais difícil.
O analista Alberto Ramos, da Goldman Sachs, afirmou ao blog que a erosão significativa do comércio e saldo em conta corrente ao longo dos últimos dois anos mostra a perda significativa de competitividade externa do País como resultado do forte aumento dos custos do trabalho, do ambiente de alta inflação e de uma moeda nacional ainda significativamente sobrevalorizada .
Por tudo isso, a perspectiva da publicação é de que 2014 não seja um ano fácil para o Brasil, ainda mais com as eleições presidenciais e a perspectiva de novos protestos durante a Copa do Mundo. Mas, se tudo correr como planejado, pelo menos o superávit comercial deve trazer um pouco de alívio , diz Ramos. Ele trabalha com a expectativa de que a balança comercial melhore e atinja US$ 9 bilhões em 2014 (0,4% do PIB projetado), apoiada por uma demanda externa mais firme, uma demanda doméstica moderada, um equilíbrio nos preços do petróleo e o impacto da recente desvalorização do real.