Flávia Alessandra foi uma das palestrantes, neste sábado, 12, da Feira do Empreendedor, que é realizada até a próxima segunda-feira, 14, em São Paulo. Em um bate-papo com os participantes, ela relembrou o início da carreira como atriz, as gestações em momentos importantes e como cada uma de suas escolhas a guiou até onde ela está hoje.
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Exibindo fotos e vídeos de sua infância, Flávia contou que descobriu sentir desejo pelo mundo das artes quando tinha apenas 7 anos após assistir a um show de Ney Matogrosso em um circo. Segundo ela, desde então, decidiu que queria ser uma “artista completa”, assim como o cantor, começando primeiro na dança, depois migrando para a modelagem e para a atuação.
Ela detalhou que teve muito apoio da família, em especial da mãe, mas que precisou lidar com a preocupação do pai, que era comandante da Marinha. Segundo Flávia, a influência dele a ajudou a ter disciplina e a buscar por segurança e estabilidade. “Ele falou pra mim: ‘Filha, vá ter uma carreira de verdade’. Ser atriz há 40 anos atrás era algo muito fora da caixinha”, disse.
Apesar disso, ela não desistiu do sonho e precisou, literalmente, bater de porta em porta. Ela contou que sentiu muita insegurança e medo, pois a carreira que desejava seguir não era estável. No entanto, aos 15 anos, surgiu um concurso no Domingão do Faustão, chamado Top Model, que ela acabou ganhando, superando competidoras como as atrizes Adriana Esteves e Gabriela Duarte.
Mesmo ganhando o concurso, ela não foi chamada para participar da novela. Flávia relembrou que precisou pegar um cartaz e ir para a frente da emissora durante dias para que lembrassem de sua vitória. “Por que estou contando isso pra vocês? Para dizer que nunca foi fácil, nem quando imaginei que iria ser o caminho mais óbvio e mais lógico. Se eu não tivesse lá atrás batido, colocado a boca no trombone, estacionado ali em frente à Globo, talvez eu não tivesse entrado na primeira novela da minha vida”.
Durante um tempo, ela tentou conciliar os estudos com a nova carreira, mas quando chegou aos 17 anos se deu conta que não tinha estabilidade financeira como queria. Por isso, fez duas faculdades ao mesmo tempo. “Foi quando entendi que o ser humano tende a buscar a estabilidade, mas a vida é um eterno movimento”, contou.
Depois de formada, foi desafiada a tomar uma decisão e renunciou ao sonho de ser advogada para seguir o de ser atriz. “Eu sabia que a minha profissão sem as certezas e que cada passo seria um passo zerado. Diria até que se assemelha a muitas profissões onde tem que bater meta, aí quando chega na meta e a gente comemora, zerou o game tudo de novo".
“Entendi também que tem duas grandes decisões que a gente toma na vida: a primeira delas é o que a gente tá fazendo. A gente está fazendo, de fato, o que a gente sonhou, o que a gente ama e o que a gente busca? Porque se não uma hora isso vai gritar aqui dentro. A segunda é com quem você está fazendo isso, quem é o seu sócio, o seu parceiro na vida. Eu entendi que essa decisão é muito importante também”, detalhou a atriz.
O marido Otaviano Costa é seu parceiro de negócios e na vida. Juntos, os dois são sócios de duas grandes empresas, a Royal Face e a agência Family.
Flávia Alessandra contou também que, quando engravidou da primeira filha, foi convidada para ser protagonista de uma novela no horário das 21h, considerado nobre. E aconteceu a mesma coisa quando engravidou da segunda. Ela destacou que as mulheres tendem a buscar um momento ideal para engravidar.
“A gente nunca vai conseguir parar no momento ideal e perfeito pra ter filhos. Não adianta a gente querer se programar. Nunca vai dar um intervalo perfeito. A decisão de ter um filho é uma decisão que muda muito a vida da mulher, mas que, ainda bem, nos dias de hoje, a gente já entende que os homens, os companheiros, as companheiras, participam também de todo esse processo e suaviza para nós, mulheres”, contou.
“Ainda há muito para ‘completar’”
Com mais de 30 anos de carreira, ela ressaltou, em entrevista ao Terra e de forma divertida, que ainda há um longo caminho para ser a “artista completa” que deseja ser. “Ainda falta muita coisa. Ainda tem muita coisa pra fazer, e eu ainda vou me descobrindo também. Ainda estou no meio do caminho”.
“Sou uma pessoa que muda muito de opinião, que vai descobrindo, que adora experiências novas, então, ainda tem muita coisa”, detalhou.
Ainda durante a conversa, ela compartilhou que, apesar do desejo de ser “plural”, entendeu que não precisa ser “mulher-maravilha”.
“Nós, mulheres, acumulamos muitas funções, mas digo que minha primeira gravidez foi diferente da minha segunda gravidez. A maturidade me trouxe isso que é a certeza da gente não querer ser mulher-maravilha. A gente não precisa equilibrar todos os pratinhos, a gente deve pedir ajuda, e eu acho que quando a gente divide com quem está com a gente, é importante para a outra pessoa também. Ela se sente fazendo parte de tudo. Então, é positivo para todo mundo, sabe? Se realize, mas não precisa dar conta de todos os pratos”, aconselhou Flávia.