O Fundo Monetário Internacional (FMI) revisou para baixo, pela sexta vez seguida, a previsão de crescimento do Brasil neste ano, para 0,3%. A projeção anterior do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, de julho, era de expansão de 1,3%, segundo o relatório World Economic Outlook (Perspectivas da Economia Global), divulgado nesta terça-feira em Washington.
O Fundo também reduziu suas projeções para 2015: avanço de 1,4%, abaixo dos 2% esperados anteriormente. As projeções para o PIB brasileiro estão abaixo do que espera o governo, mas ainda acima do previsto pelo mercado.
O relatório cortou, ainda, as previsões de crescimento para as economias da zona do euro, Japão, América Latina, outros países emergentes e a média mundial.
O Ministério da Fazenda diz que o Brasil deverá crescer 0,9% neste ano, mas analistas consultados no último relatório Focus, divulgado na segunda-feira pelo Banco Central, apostam em crescimento de 0,24% em 2014 e de 1% em 2015.
O FMI projeta ainda que a inflação no Brasil se mantenha em torno do teto da meta, em 6,3% neste ano e 5,9% em 2015, e que o desemprego fique em 5,5% neste ano e 6,1% no próximo. O limite estipulado pelo BC é de 6,5%.
Abaixo da média
Pela previsão do FMI, o crescimento brasileiro deverá ficar abaixo da média global, que também foi revisada para baixo e agora está projetada em 3,3% em 2014 e 3,8% em 2015.
Também ficará abaixo das projeções para economias emergentes e em desenvolvimento - 4,4% neste ano e 5% no ano que vem - e para a região da América Latina e Caribe - 1,3% em 2014 e 2,2% em 2015.
O relatório ressalta que "a fraca competitividade, baixa confiança empresarial e condições financeiras mais apertadas reprimiram os investimentos" no Brasil. O documento diz ainda que a atual moderação no emprego e no crescimento do crédito estão pesando sobre o consumo.
Segundo o FMI, esses fatores "deverão manter o crescimento (brasileiro) deprimido na maior parte de 2014-2015". O relatório menciona ainda a necessidade de que países como o Brasil - citado ao lado da Turquia -, em que altas taxas de dívida externa aumentam a exposição a riscos, incrementem suas taxas de poupança doméstica, "inclusive por meio de finanças públicas mais fortes".
Economia global
O Brasil não é o único país a ter sua projeção de crescimento revisada para baixo no novo relatório. As previsões para economias da zona do euro, Japão, América Latina, economias emergentes e a média global também são menores que as divulgadas anteriormente.
"As taxas potenciais de crescimento estão sendo revisadas para baixo, e esses prospectos piorados estão, por sua vez, afetando a confiança, a demanda e o crescimento", disse o economista-chefe do FMI, Olivier Blanchard, ao apresentar o relatório. "O crescimento mundial é medíocre e pior do que esperávamos em julho", afirmou.
De acordo com o FMI, a recuperação global continua irregular. No caso das economias emergentes, o relatório observa que "estão se ajustando a taxas de crescimento mais baixas das que foram registradas durante o boom pré-crise e durante a recuperação pós-crise".
Ainda assim, os números do Brasil ficam abaixo da maioria dos países da América do Sul e dos Brics - grupo formado também por Rússia, Índia, China e África do Sul.
Entre 10 países sul-americanos analisados, o crescimento brasileiro só supera as projeções para Argentina (de -1,7% em 2014 e -1,5% em 2015) e Venezuela (-3% e -1%).
Entre os Brics, somente a Rússia, que enfrenta sanções em meio ao conflito com a Ucrânia, tem projeções menores que as do Brasil, de 0,2% neste ano e 0,5% no próximo.
Estados Unidos
O FMI alerta que os riscos à economia global aumentaram desde abril. Entre os riscos de curto prazo, o relatório cita a piora em tensões geopolíticas. No médio prazo, há a estagnação e baixo potencial de crescimento nas economias avançadas e o declínio no potencial de crescimento dos mercados emergentes.
Um dos poucos países a terem sua projeção de crescimento revisada para cima foram os Estados Unidos, que deverão crescer 2,2% neste ano e 3,1% em 2015.
"Depois de um primeiro trimestre surpreendentemente tímido, a atividade ganhou ritmo no segundo trimestre, e as evidências são de que a fraqueza era em sua maior parte temporária", diz o FMI.
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