BRASÍLIA - O primeiro relatório Focus, do Banco Central, de 2025 mostra mais uma piora das projeções econômicas. A mediana para o IPCA do ano subiu pela 12.ª semana consecutiva, passando de 4,96% para 4,99% - acima do teto da meta, de 4,5%. Um mês antes, a projeção intermediária era de 4,59%.
A partir deste ano, a meta de inflação começa a ser apurada de forma contínua, com base na inflação acumulada em 12 meses. O centro continua em 3%, com tolerância de 1,5 ponto porcentual para mais ou para menos. Se o IPCA ficar fora desse intervalo por seis meses consecutivos, considera-se que o Banco Central perdeu o alvo.
A mediana para o IPCA de 2024 caiu de 4,9% para 4,89%, também acima do teto da meta, de 4,5%. Quatro semanas atrás, estava em 4,84%. O IPCA de dezembro será divulgado pelo IBGE nesta sexta-feira, 10. A mediana para o IPCA de 2026, por sua vez, subiu de 4,01% para 4,03%, um pouco mais distante do centro da meta. Um mês atrás, estava em 4%.
O Comitê de Política Monetária (Copom) considera o segundo trimestre de 2026 como horizonte relevante da política monetária. O colegiado espera um IPCA de 4% nos quatro trimestres fechados nesse período. Também no cenário de referência, o Banco Central espera que o IPCA tenha terminado 2024 em 4,9% e desacelere a 4,5% em 2025.
Selic
Em relação à taxa de juros, a mediana do relatório Focus aumentou de 14,75% para 15% o patamar da Selic ao final deste ano. Um mês atrás, estava em 13,5%. Na sua última reunião, de dezembro, o Copom aumentou a taxa básica para 12,25% ao ano e sinalizou mais duas elevações de 1 ponto porcentual cada, que levariam os juros a 14,25% em março.
A mediana para os juros no fim de 2026 se manteve em 12%. Um mês atrás, era de 11%. A projeção para o fim de 2027 continuou em 10%, mesmo nível de quatro semanas antes.
O Relatório Trimestral de Inflação (RTI) do Banco Central reforçou o cenário de deterioração da inflação, já sinalizado na ata da última reunião do Copom, e firmou a percepção do mercado de que será preciso uma taxa de juros rodando acima de 13,75% - estimativa adotada como pico do juro básico no cenário de referência do RTI - para a convergência da inflação à meta de 3%.
Câmbio
A mediana do relatório Focus para a cotação do dólar no fim de 2025, por sua vez, subiu de R$ 5,96 para R$ 6. Um mês antes, estava em R$ 5,77. A moeda americana encerrou 2024 cotada em R$ 6,1802, o maior nível nominal da história no fechamento de um ano.
A estimativa intermediária para o dólar no fim de 2026 se manteve em R$ 5,90. A projeção para o fim de 2027 permaneceu em R$ 5,80. Um mês atrás, elas estavam em R$ 5,73 e R$ 5,69, respectivamente.
A projeção anual de câmbio publicada no Focus é calculada com base na média para a taxa no mês de dezembro, e não mais no valor projetado para o último dia útil de cada ano, como era até 2020. Com isso, o BC espera trazer maior precisão para as projeções cambiais do mercado financeiro.