Oferecimento

França pode inviabilizar o acordo Mercosul-UE mesmo após assinatura? Entenda próximos passos

O texto será levado aos parlamentos dos Estados-membros da União Europeia e precisa ser aprovado por maioria qualificada

6 dez 2024 - 11h30
Presidente da Argentina, Javier Milei; presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou; presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen; presidente Luiz Inacio Lula da Silva; e presidente do Paraguai, Santiago Pena, em cúpula do Mercosul em Montevidéu 06/12/2024.
Presidente da Argentina, Javier Milei; presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou; presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen; presidente Luiz Inacio Lula da Silva; e presidente do Paraguai, Santiago Pena, em cúpula do Mercosul em Montevidéu 06/12/2024.
Foto: REUTERS/Mariana Greif

Sem dúvidas, o anúncio de uma parceria entre o Mercosul e a União Europeia, feito nesta sexta-feira, 6, é histórico. Porém, a assinatura do acordo, discutido há 25 anos, é apenas o primeiro passo de um longo processo para validá-lo e iniciar a sua implementação. 

Agora, começa a fase de ratificação do acordo. O texto será levado aos parlamentos dos Estados-membros da União Europeia e precisa ser aprovado por maioria qualificada: ao menos 15 países que representem no mínimo 65% da população do bloco.

Publicidade

Ou seja, há espaço para países insatisfeitos com o acordo tentarem manobras para desconfigurá-lo, segundo explica o professor em Relações Internacionais da ESPM, Roberto Uebel. É essa a atitude esperada pela França, por exemplo, um dos países que mais fizeram campanha contrária ao acordo entre os blocos.

"Há uma oposição muito grande do próprio presidente Emmanuel Macron. Ontem ele reiterou de novo a contrariedade. Então, mesmo aprovado, eu não diria que vai haver um boicote, mas uma discussão dentro da União Europeia e da Comissão Europeia, sobre a viabilidade desse acordo. É possível, sim, que os governos venham a agir politicamente, inclusive, para desconfigurar esse acordo no momento da votação nos parlamentos dos países europeus", explica Uebel.

A oposição da França acontece em meio a protestos de produtores do agronegócio, que temem a expansão das carnes do Mercosul no mercado nacional. Na tarde de quinta-feira, 5, Macron se pronunciou em uma rede social, afirmando que "o projeto de acordo entre a UE e Mercosul é inaceitável".

Apesar das fortes declarações de oposição, a França precisaria angariar países aliados para travar uma barreira ao acordo. Para o professor Roberto Uebel, a Polônia e a Romênia também devem se opor ao texto. A agência internacional AFP especula a Itália, Áustria e Holanda como possíveis aliados na chamada "minoria de bloqueio".

Publicidade

A oposição, porém, não parece assustar ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). "Se os franceses não quiserem, eles não apitam mais nada", disse o petista, na semana passada.

Fonte: Redação Terra
TAGS
Fique por dentro das principais notícias
Ativar notificações