O jornal britânico Financial Times afirma, em reportagem publicada na edição desta terça-feira, que a economia brasileira está começando a mostrar sinais de recuperação, mas que isso deve acabar beneficiando o vice-presidente Michel Temer, que assume caso Dilma seja afastada pelo Senado no processo de impeachment.
A reportagem afirma que, apesar de Dilma estar sendo acusada de manipulação nas contas públicas, analistas acreditam que seu "crime real" aos olhos do mercado, indústria e eleitores foi "assassinar uma das histórias de crescimento econômico mais promissoras do mundo".
A reportagem afirma que é uma "ironia" que, enquanto o Senado se prepara para votar seu afastamento, provavelmente no dia 11, um "fraco pulso" pode ser visto na economia, a "suposta vítima" de Dilma.
"Isso provavelmente não será suficiente para salvar Rousseff. Mas pode ajudar seu provável sucessor, vice-presidente Michel Temer", diz o texto.
A reportagem afirma que indicadores como a expectativa da inflação estão começando a melhorar e diz que Dilma nomeou, no ano passado, o ministro da Fazendo Joaquim Levy para "tentar desfazer alguns dos erros dela".
Segundo o FT, algumas medidas tomadas por Levy, como o fim do controle de preços, começam a mostrar resultado. Apesar de a alta de preços ter gerado inicialmente um aumento pontual da inflação, a tendência foi contida pela manutenção da taxa básica de juros em 14,25%, acrescenta o artigo.
A desvalorização acentuada sofrida pelo real no período mais agudo da crise política tem ajudado o Brasil a diminuir o defict em conta corrente e aumentar a confiança do setor exportador. Isto, combinado com a manutenção das reservas cambiais em um nível elevado, tem mantido o interesse dos investidores internacionais. O reflexo é visível com a entrada de US$ 16,9 bilhões ce investimento externo no primeiro trimentre desse ano superando os US$ 13,1 bilhões registrados em igual período do ano anterior.
"Se você resolver a crise política, a recuperação econômica pode acontecer", disse Ricardo Camargo, da consultoria Prospectiva, à publicação.
O jornal afirma que, "de acordo com alguns economistas, se Temer assumir e conseguir montar uma equipe econômica confiável, o círculo virtuoso pode continuar".
Mas lembra que ainda pode haver instabilidade política.
"Com a incerteza sobre a estabilidade de um governo Temer em longo prazo - ele e outros membros importantes de seu partido, o PMDB, foram ligado ao escândalo na estatal petroleira Petrobras - os investidores vão continuar cautelosos com o Brasil."