Os metalúrgicos que trabalham no período da manhã na fábrica da General Motors em São José dos Campos, no Vale do Paraíba, interior paulista, entraram nesta sexta-feira em greve por tempo indeterminado contra a ameaça da montadora de demitir 794 empregados. O sindicato da categoria espera receber a adesão dos trabalhadores do turno da tarde, em assembleia marcada para as 14h30.
Em nota, a empresa alegou ter sido surpreendida pelo movimento. “Em relação ao movimento de greve iniciado na manhã desta sexta-feira, dia 20 de fevereiro, no complexo industrial de São José dos Campos, a GM informa que não foi oficialmente comunicada pelo sindicato local, conforme determina a legislação vigente. A decisão causou surpresa, pois a proposta apresentada pela GM foi deturpada pelo sindicato. Em função disso, a GM tomará as medidas legais cabíveis”.
O presidente do sindicato, Antônio Ferreira de Barros, o Macapá, negou que tenha quebrado as regras e informou que o ministro do Trabalho, Manoel Dias, solicitou uma reunião com a diretoria de Relações Trabalhistas da GM para uma reavaliação desses cortes, mas o pedido teria sido recusado.
“A greve é nossa única forma de impedir uma demissão em massa na GM. Queremos convocar todas as centrais sindicais do país a se unirem aos trabalhadores daqui para lutar contra esse plano absurdo da montadora. Nós já havíamos dado o recado para a empresa, de que se houvesse demissão, haveria greve. Agora, só retornaremos ao trabalho quando nossas reivindicações forem atendidas”, disse, em nota, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos.
De acordo com informações do sindicato, que é filiado à CSP-Conlutas, a GM propôs a abertura de lay-off (afastamento) por dois meses. “Após esse período, todos seriam demitidos. A empresa também propôs, como alternativa, a demissão imediata desses 794 funcionários”, diz a nota da entidade.
Segundo o comunicado, no último dia 13, os 798 trabalhadores que estavam em lay-off desde setembro do ano passado voltaram ao trabalho e não podem ser incluídos em lista de cortes porque têm garantia de emprego até 7 de agosto. Na fábrica da GM atuam cerca de 5,2 mil metalúrgicos na produção dos modelos S10 e Trailblazer.
Diante desse quadro, a entidade informou que vai pedir à presidenta Dilma Rousseff que edite uma medida provisória garantindo estabilidade no emprego para todos os trabalhadores de empresas que recebem incentivos fiscais, como é o caso das montadoras. Segundo o sindicato, embora o setor tenha recebido incentivos fiscais, fechou, no ano passado, 12 mil postos de trabalho.