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Funcionários dos Correios iniciam greve nacional

Cerca de 100 mil trabalhadores aderiram, segundo a federação dos empregados; eles pedem o restabelecimento do acordo coletivo, que teria vigência até 2021, além de equipamentos adequados de proteção ao coronavírus, álcool em gel e testes

17 ago 2020 - 20h20
(atualizado em 18/8/2020 às 23h56)

BRASÍLIA - Cerca de 100 mil funcionários dos Correios em todos os Estados do País entraram em greve na noite de segunda-feira, 17. A paralisação ocorre por tempo indeterminado, em protesto contra a retirada de direitos, a privatização da empresa e a ausência de medidas para proteger os empregados da pandemia do novo coronavírus, informou a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas dos Correios e Similares (Fentect).

Os Correios estavam no topo da lista do ex-secretário Salim Mattar das empresas que deveriam ser privatizadas.
Os Correios estavam no topo da lista do ex-secretário Salim Mattar das empresas que deveriam ser privatizadas.
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil / Estadão

Em nota, a federação afirma ter sido surpreendida com a revogação, a partir de 1.º de agosto, do atual acordo coletivo, cuja vigência vai até 2021. Segundo a entidade, 70 cláusulas com direitos foram retiradas, como 30% do adicional de risco, vale-alimentação, licença-maternidade de 180 dias, auxílio-creche, indenização por morte e auxílio para filhos com necessidades especiais, além de pagamentos como adicional noturno e horas extras.

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Sobre as ações da empresa para enfrentamento da pandemia, a federação relata que teve de acionar a Justiça para garantir aos empregados equipamentos de proteção individual, álcool em gel, testagem e afastamento daqueles integrantes de grupos de risco e dos que coabitam com crianças em idade escolar. A entidade afirma que se trata de estratégia para precarizar e privatizar a empresa.

"O governo Bolsonaro busca a qualquer custo vender um dos grandes patrimônios dos brasileiros, os Correios. Somos responsáveis por um dos serviços essenciais do País, que conta com lucro comprovado, e com áreas como atendimento ao e-commerce, que cresce vertiginosamente e funciona como importante meio para alavancar a economia", disse o secretário geral da Fentect, José Rivaldo da Silva.

Em nota, os Correios informaram ter um plano de continuidade de negócios para manter o atendimento à população em qualquer situação adversa. A estatal informou que o objetivo primordial é cuidar da sustentabilidade financeira da empresa, de forma a retomar a capacidade de investimento e sua estabilidade, e manter os empregos dos funcionários.

Adesão à greve

As federações de funcionários dos Correios estimaram que 70% do contingente operacional (entre carteiros, carregadores e motoristas) e administrativo da estatal cruzaram os braços ontem, no primeiro dia de uma greve nacional, o que equivaleria a 74 mil trabalhadores em todo o País. As agências continuaram abertas, mas sendo operadas por um contingente de 30% dos empregados - como determina a lei nesses casos. O número de adesão é contestado pelos Correios, segundo o qual 83% do efetivo total não teria interrompido seu trabalho.

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"A empresa já colocou em prática seu plano de continuidade de negócios para minimizar os impactos à população. Medidas como o deslocamento de empregados administrativos para auxiliar na operação, remanejamento de veículos e a realização de mutirões estão sendo adotadas", disse em nota.

O movimento não afeta o funcionamento das agências franqueadas, já que seus funcionários seguem outro regime de trabalho. Os funcionários acusam os Correios de descumprir o acordo coletivo que teria vigência até 2021. Entre os benefícios revogados, estão pagamento de 30% de adicional de risco, vale-alimentação, licença-maternidade de 180 dias, auxílio-creche, indenização por morte e auxílio para filhos com necessidades especiais.

Também afirmam que tiveram de acionar a Justiça para garantir equipamentos de proteção individual aos empregados, para evitar a contaminação pelo coronavírus, além de álcool em gel, testagem e afastamento de integrantes de grupos de risco e dos que coabitam com crianças em idade escolar.

"A categoria está trabalhando desde o início da pandemia. A empresa só forneceu uma máscara para cada trabalhador. O trabalhador está tirando dinheiro do bolso para pagar seu EPI (equipamento de proteção individual)", disse o diretor de comunicação da Federação Interestadual dos Sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras dos Correios (Findect), Douglas Melo. "Nós seguramos essa greve até onde era possível, mas não tinha mais condições."

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Os Correios dizem que o objetivo das negociações é se proteger da crise financeira ocasionada pela pandemia. "A diminuição de despesas prevista com as medidas de contenção em pauta é da ordem de R$ 600 milhões anuais."

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