Indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para substituir Roberto Campos Neto na presidência do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo terá que saber dizer 'não' a Lula caso queira conquistar plena confiança do mercado e sinalizar que irá atuar de forma técnica no comando da autoridade monetária a partir de 2025.
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Embora tenha a confiança do governo e alguns apoios até mesmo da oposição no Senado, Galípolo sofrerá pressão, como ocorreu com Campos Neto, para baixar os juros. A taxa Selic atualmente está em 10,50%, valor fixado após a última reunião do Copom em 31 de julho.
Comentando nesta quarta-feira, 4, à GloboNews as críticas de Lula ao nível da Selic e seus desentendimentos com Campos Neto ao longo do mandato, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, indicou que Galípolo deve sofrer pressões semelhantes caso assuma a presidência do BC.
"Quem está na vida pública sofre pressão da vida pública. É natural que em um cargo desse você entenda que vai ouvir opiniões (diferentes). A pessoa tem que se habituar a isso", disse o ministro, que avaliou que Galípolo está gabaritado para assumir a presidência do BC.
A economia formal diz que baixar juros 'na marra' pode descontrolar a inflação. Como manter a inflação sob controle, ao redor da meta, é objetivo fundamental do BC, Galípolo terá que demonstrar independência e atuar de forma técnica.
O BC espera inflação de 4,2% este ano e de 3,6% no ano que vem, no cenário de referência. No cenário alternativo, projeta IPCA de 4,2% em 2024 e 3,4% em 2025.
Sabatina
Ainda não há uma data definida para a sabatina de Galípolo, que é atual diretor diretor de Política Monetária do BC, na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) e no Plenário, em função do calendário mais apertado com as eleições municipais de outubro.