O diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, disse nesta sexta-feira que há um cenário de rápida desvalorização do real e que a piora no câmbio é um fator que traz preocupação adicional para a política monetária.
Falando em evento da Fundação Getulio Vargas (FGV), no Rio de Janeiro, Galípolo enfatizou que o tema que tem chamado mais atenção no momento é o câmbio, que deixa o Brasil "bastante descolado" de economias similares.
"O que há de novo é que a gente está assistindo a um cenário de uma evolução rápida da desvalorização do real perante ao dólar e tentando fazer uma comparação para ver o quanto essa performance pior, comparando com os pares, representa algum sinal adicional de atenção para a gente", disse.
O diretor afirmou que uma das razões para a performance pior do real está na elevada liquidez do mercado brasileiro, o que acaba tornando o país uma "porta de saída" em momentos como o atual, de percepção que os juros nos Estados Unidos ficarão mais altos por mais tempo.
Ele ressaltou que existem ruídos domésticos que contribuem para esse cenário, citando como exemplo a divisão no Comitê de Política Monetária (Copom) em maio, que gerou volatilidade no mercado.
"Diversos elementos trazem preocupação, desde a piora que a gente tem nas implícitas -- na diferença entre a taxa de juros nominal e real --, na questão do câmbio, com o real performando pior que seus pares agora, são vários desses elementos que trazem uma preocupação adicional para a política monetária", afirmou.
O dólar vem ganhando tração frente ao real no período recente, em meio à reprecificação do cenário de corte de juros nos Estados Unidos, mas também com o mercado reagindo a fatores relacionados à situação fiscal do país. Nesta sexta-feira, a cotação do dólar subia mais de 1,4%, e chegou a marcar 5,5861 reais.
O diretor ressaltou que o Brasil não tem meta de câmbio e que a existência do câmbio flutuante serve para absorver mudanças de preços de ativos.