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Galípolo vê risco de inflação maior e diz que diretores do BC farão tudo para buscar meta

8 ago 2024 - 17h55
(atualizado às 18h49)

O diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou nesta quinta-feira achar curioso questionamentos de que diretores indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva não poderiam votar por uma elevação nos juros, enfatizando que toda a diretoria está disposta a fazer o que for necessário para perseguir a meta de inflação.

Diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabríel Galípolo, fala em comissão no Senado Federal
04/07/2023
Lula Marques/ Agência Brasil/Distribuição via REUTERS
Diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabríel Galípolo, fala em comissão no Senado Federal 04/07/2023 Lula Marques/ Agência Brasil/Distribuição via REUTERS
Foto: Reuters

Em evento promovido pela Confederação Brasileira das Cooperativas de Crédito, Galípolo ainda declarou fazer parte do grupo de diretores do BC que vê o balanço de risco para a inflação à frente assimétrico, com pressão de alta.

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"Ele é assimétrico não só porque temos mais itens de risco para alta de inflação, três (fatores de alta) contra dois de baixa, mas também por tudo que tem sido comunicado pelos integrantes do Copom e tudo que tem sido feito pelo Copom", disse, citando preocupações da autarquia com mercado de trabalho apertado e cenário externo incerto.

A ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) deste mês, que manteve a taxa Selic em 10,50% ao ano e passou a incluir um cenário de elevação de juros à frente se necessário, apontou que o balanço de riscos para a inflação permanecia com fatores em ambas as direções, mas destacou que vários membros já viam uma assimetria.

Galípolo ponderou, no entanto, que não "parece adequada" uma ideia de que mudar o balanço de riscos para assimétrico seria uma alteração de "guidance", da orientação do BC para os próximos passos da política monetária.

O diretor citou incerteza sobre os juros nos Estados Unidos e a atividade na China, além da elevação dos juros no Japão, cenário que tem provocado volatilidade acima do normal nos mercados, segundo ele, o que faz as informações econômicas "ficarem velhas rapidamente".

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Nesse ambiente de elevada incerteza, ele afirmou que os diretores do BC estão "totalmente dependentes de dados" para a tomada de decisões, sem que seja possível dar qualquer sinalização do que será feito nas próximas reuniões do Copom.

Galípolo destacou que a projeção do IPCA para o primeiro trimestre de 2026, de 3,2%, é claramente tratada pelo Copom em sua comunicação como acima da meta, o que representa um sinal em relação a outros momentos nos quais o BC chegou a tratar projeções próximas de 3% como "em torno" da meta.

Em sua opinião, o cenário atual é "desconfortável" para o objetivo da autoridade monetária de alcançar o alvo para a inflação, de 3% neste e nos próximos anos.

Na apresentação, ele destacou que é sabido o impacto da taxa de câmbio sobre a inflação e as expectativas de mercado, reforçando a mensagem do Copom ao dizer que seria um equívoco estabelecer qualquer relação mecânica entre o patamar do dólar e política monetária.

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O diretor ainda afirmou que as comunicações recentes do BC buscaram dirimir dúvidas que vinham sendo apresentadas por agentes de mercado.

"Muitas vezes eu assisto um receio, uma dúvida, para usar o linguajar que eu escuto, de que os diretores indicados pela gestão do presidente Lula não poderiam votar pela elevação da taxa de juros", disse.

"Não faz muito sentido imaginar que você vai passar quatro anos sem poder fazer algo nesse sentido. Está muito claro, ao colocar na ata 'de maneira unânime', que todos os diretores estão dispostos a fazer aquilo que for necessário para perseguir a meta."

Galípolo disse também que o governo Lula decidiu manter a meta de inflação em 3%, ressaltando que o presidente reforçou nesta quinta a preocupação que tem com o efeito da inflação na vida do trabalhador.

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